Brasil: Muito barulho por nada...Agenda externa relevante.


O governo Bolsonaro começou com bastante ímpeto. Como já comentei aqui nos últimos dias, do ponto de vista econômico, que é o que importante para este fórum e para os mercados globais, as sinalizações são bastante positivas.

É natural que neste primeiro trimestre do ano surjam uma série de ruídos, rumores e mal-entendidos. Existe uma curva de aprendizado, tanto político quanto no tocante a comunicação, de um partido, um grupo político, que nunca esteve em uma posição tão elevada no executivo nacional.

Vou tentar poupar este espaço de comentar toda e qualquer informação que venha a aparecer na mídia neste tocante. Obviamente, caso algum desses eventos venha a me parecer relevante, farei questão de comentar.

Por ora, acredito que os investidores locais irão continuar dando o benefício da dúvida ao governo e tenderão a ignorar ruídos. Os jornais de final de semana estão, novamente, abarrotados de notícias referentes ao novo governo.

Estarei focado, assim, nas questões relevantes de política econômica. Como as sinalizações são positivas, me parece que o risco será a implementação dessa agenda. Continuo acreditando que o final do primeiro trimestre do ano, após o carnaval, será a data limite para a boa vontade do mercado. A partir deste momento, o governo deverá entregar uma agenda concreta, com reais chances de implementação, para não sofrer de uma desconfiança do mercado e perda de credibilidade.

No Brasil, o cenário cíclico permanece bastante positivo. Os indicadores de confiança apontam para uma recuperação mais acentuada do crescimento. O crescimento em si deverá ser mais robusto este ano, mesmo que não bombástico. A inflação corrente e prospectiva está e deverá ficar baixa. Isso permite que a taxa de juros permanece em patamar historicamente baixo. As contas externas seguem saudáveis, com fluxos estruturais para o investimento estrangeiro direto. Os indicadores de crédito mostram um sistema financeiro capaz de suportar um crescimento mais robusto e um setor corporativo bastante desalavancado. O cenário para o emprego deveria ser melhor, mas os números recentes demandam alguma atenção pela velocidade lenta de recuperação. Finalmente, as contas públicas urgem por reformas, mas o curto-prazo não deve ser problema.

No cenário internacional, já comentei sobre o pano de fundo geral na sexta-feira (vide aqui: https://mercadosglobais.blogspot.com/2019/01/mudanca-de-narrativa.html).

O final de semana traz poucas novidades. Existe uma agenda marcada para negociações entre EUA e China para um avanço das negociações comerciais, as negociações para o fim do “shutdown” continuam, a agenda da semana será relevante, com destaque para o Core CPI nos EUA e os dados econômicos da China.

Minha visão prevalece a mesma. Resumidamente:

No curto-prazo, existe espaço para recuperação. Especialmente dos ativos mais pressionados no ano passado (EM, Commodities, HY, Bolsas e etc). Os argumentos para esta recuperação são: Posição técnica melhor, valuations mais atrativos, sinalização de pausa no processo de normalização monetária nos EUA e novas medidas de estímulo na china.

No longo-prazo, os desafios continuam. Estamos no estágio final de um ciclo econômico, ainda há dúvidas da capacidade do Fed interromper estruturalmente seu aperto de liquidez, a situação da China está longe de resolvida e o mundo mostra sinais de desaceleração. Isso já começa a ser sentido pelo setor corporativo, que ainda precisa lidar com aumento de custo de mão de obra, especialmente nos EUA.


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