Brasil: Bolsonaro enfrenta seu primeiro desafio como presidente. O que esperar?
O final de semana foi marcado por novas revelações, por parte da mídia, de detalhes da suposta investigação em torno de um dos assessores, de um dos filhos de Bolsonaro, e do próprio filho do presidente, agora senador eleito.
Vale a pena ressaltar que meu intuito neste fórum é apenas analisar, do ponto de vista político e econômico, os eventos no Brasil, sem fazer juízo de valor sobre os fatos ou tomar partido deste ou daquele lado. O objetivo aqui sempre será ser imparcial, ter a exata noção de como isso afeta o cenário econômico e, consequentemente, o preço dos ativos brasileiros e os investimentos nos ativos do Brasil e do mundo.
As questões envolvendo pessoas em torno do presidente, até o momento, foram relevadas pelos investidores. Os fatos que estão sendo trazidos à tona, contudo, acumulam uma onda de incertezas que demandam explicações mais detalhadas e incisivas para a sociedade. Deixar que uma situação como essa cresça sem a resposta e o endereçamento adequado pode se tornar um problema mais à frente, especialmente quando a agenda de reformas entrar em estágio de negociação no Congresso, pois irá virar um meio de coação política de aliados e adversários.
Acredito que os fatos narrados pela mídia são graves, mas podem facilmente serem colocados a uma distância segura do atual presidente. Resta a ele e seu entorno atuar da maneira adequada.
Do ponto de vista do mercado, vejo a situação como um ruído de curto-prazo, ainda sem impacto relevante sobre o quadro político ou a agenda econômica. O problema pode ser tornar maior se não for equacionado rapidamente.
Podemos ver alguma realização de lucros dos ativos locais, muito mais pelo nível de preços e valuations, e pelo quadro técnico, aliado a este ruído de curto-prazo, do que pelo evento em si. Ainda não vejo motivos para pânico ou mudança de cenário. Precisamos aprender a conviver com uma mídia, na média (não vamos generalizar) ainda bastante avessa ao atual governo, que tentará criar qualquer tipo de “fato novo”, afim de provar a incapacidade ou a falta de governabilidade deste novo governo eleito.
Minha visão em relação aos ativos locais está basicamente inalterada. Continuo vendo o mercado de renda variável e a curva longa de NTNB (juros reais) como os ativos com melhor risco/retorno em um cenário positivo de Brasil. Não gosto da assimetria da curva curta de juros, pois existe pouco prêmio e está precificada para a “perfeição”. Uma necessidade normal de ajuste de política monetária pode colocar esta parte da curva sob forte pressão. Não tenho visão direcional sobre o câmbio nos atuais níveis. Como hedge, gosto da inflação implícita na parte curta e intermediária da curva. Alguma estrutura no câmbio, via opção, também pode fazer sentido.
Vemos os gestores locais ainda bastante positivos com o cenário local e alocados com posições não desprezíveis nessa direção, sejam gestores Macro, Long Short, Long Only ou Long Bias, algo que me preocupa. Existem estudos que mostram que, na média, os consensos costumam acertar. Também estou com visão nesta direção, mas gosto de ouvir gestores que já buscam alguma cautela, seja na maneira como estruturam suas posições, ou com a busca por hedges. Alguns já caminham nesta direção.
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