Brazil: “Happy New Year!”.


O ano começou com poucas novidades relevantes no âmbito econômico, mas com algumas diferenças importantes no tocante a dinâmica dos mercados. Confesso que algumas delas ainda de difícil explicação. Imagino que ainda muito afetadas pela baixa liquidez do mercado.

Sem a menor sombra de dúvida, o destaque ficou por conta do excelente desempenho dos ativos no Brasil. Acredito que o novo ano trouxe disposição adicional para a tomada de risco por parte de alguns players, além da animação com a posse do novo governo. O fechamento global de taxas de juros também ajudou os ativos emergentes em geral, mas o Brasil foi de longe o país de melhor desempenho relativo e absoluto. Citei na noite de ontem a possibilidade deste movimento:

No Brasil, Bolsonaro tomou posse e proferiu um discurso que, aos olhos do mercado e da sociedade que o elegeu, deverá ser muito bem visto. Não há nada de novo no discurso além de tudo o que foi sinalizado na campanha, mas a posse, com a reafirmação de seu discurso, deve ser bem recebida pelos investidores locais, que devem iniciar o ano com algum otimismo nesta frente.

...Tomando o S&P como exemplo, meu target seria 2.600/2.650. Para o Ibovespa, espero que supere os 90.000 pontos em algum momento do primeiro trimestre do ano. Não sei, ainda, se estes patamares serão sustentáveis ao longo de todo o ano.

Na China, o Caixin PMI também caiu ao nível abaixo de 50 pontos, mostrando uma economia ainda fragilizada. A China ainda é, na minha visão, um dos maiores riscos para a economia global nos próximos meses. Enquanto os sinais não forem inequívocos de estabilização da economia, neste estágio do ciclo econômico global, o mercado ficará com medo de recessão global, liderado pela desaceleração da China. Acho que o país fará de tudo para que a desaceleração seja suave. Tenho enormes dúvidas se, atualmente, conseguirão atingir este objetivo. Não acho que estamos neste estágio de recessão ou crescimento abaixo de 5% no caso chinês, mas sim em um ponto de inflexão importante onde o mercado questiona a real capacidade do policy makers em estabilizar a economia de forma estrutural.

De qualquer maneira, a sinalização de um acordo comercial com os EUA e as recentes medidas de estímulo implementadas e/ou anunciadas recentemente deveria dar algum suporte, mesmo que temporário, no humor em relação a economia do país.

Tenho pouca explicação para o movimento de dólar forte contra as moedas de G10. É verdade que vimos um forte aperto das condições de liquidez (repo) nos EUA, mas não sei se isso explica totalmente o movimento de dólar forte aliado a um fechamento global de taxas de juros. Ainda me parece cedo para avaliar estes movimentos pois a iliquidez pode estar afetando a dinâmica de alguns mercados.


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