China: Suporte ou desespero? Brasil: bandeira amarela e reforma da previdência.
Os ativos de risco estão abrindo o dia novamente em tom positivo. Uma
vez mais, as ações dos “policy makers” na China são o destaque. O PBoC injetou
um montante recorde de liquidez na economia, as vésperas do Ano Novo Lunar,
como é usual, para evitar apertos adicionais de liquidez no país.
Ontem já comentei sobre este tema. No curto-prazo, a postura chinesa
deve ser vista como positiva, pois aumenta as expectativas, ou as esperanças,
de sucesso na empreitada de estabilizar o crescimento. Contudo, podemos estar
em um ponto de inflexão importante da economia, em que uma alavancagem já
elevada impedirá reações desejadas aos estímulos convencionais, colocando o
país em situação muito mais delicada a médio e longo-prazo. Sigo bastante
preocupado com a situação da China, mas entendo o racional do mercado mais
positivo no curto-prazo.
Nos EUA, algumas notícias corporativas mais animadoras. A Netflix elevou
o preço dos seus serviços, dando ímpeto a sua ação. O resultado de alguns bancos
ficou acima do esperado neste começo de temporada de resultados, ajudando um
grande rally de suas ações, em especial do Citibank.
No Brasil, as vendas no varejo divulgadas ontem mostraram forte alta em
novembro. Uma parte relevante da recuperação é fruto das distorções do “Black
Friday”, evento que se tornou importante para a economia nos últimos anos e
ainda não é bem captado pelos modelos de dessazonalização. De qualquer maneira,
vemos sinais adicionais de avanço do crescimento econômico.
Segundo o Valor, a bandeira amarela na conta de energia pode voltar
antes do previsto devido ao pouco fluxo de chuva, o que pode vir a afetar a
inflação pontualmente, mas mantê-la em patamar baixo. As inflações implícitas
seguem extremamente baixas e, na minha visão, sem nenhum prêmio de risco para
eventuais obstáculos como este.
Na noite de ontem Onyx declarou que Bolsonaro receberá a proposta da
reforma da previdência antes de ir a Davos. Ele terá a viagem para estudar o
tema, debater com Guedes em se retorno e dar o sinal verde para a aprovação.
A velocidade com que estão avançando no tema é positiva, pois mostra
comprometimento com a reforma, entendem a necessidade de utilizar o capital
político e o apoio da sociedade em seu favor.
Mantenho minha visão de que estamos em um equilíbrio instável no cenário
externo. Positivo no curto-prazo, ainda desafiador/negativo no longo-prazo.
Recomendo postura mais tática, posições relativas ou “over” hedge. No Brasil,
continuo otimista. Prefiro bolsa a renda fixa e câmbio. Ainda vejo espaço para
compressão da curva longa de juros reais. Inflação implícita mais curta/intermediária
pode fazer sentido como hedge nos atuais patamares, mesmo sabendo que o cenário
para a inflação é extremamente benigno.
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