Fed, Apple, Vale e além!


Os ativos de risco estão abrindo a quarta-feira próximos a estabilidade. O grande destaque do dia ficará por conta da decisão do Fed, após a reunião do FOMC na parte da tarde.

O mercado espera que o Comitê mantenha os juros estáveis, mas sinalize para uma longa pausa no seu processo de normalização das taxas de juros. Além disso, após rumores na mídia, já existe alguma expectativa de que o Fed sinalize para uma interrupção, em algum momento deste ano, do seu processo de redução do balanço. Caso a sinalização seja menos clara do que está, vejo espaço para algum desapontamento. Vale lembrar que parte relevante, senão integral, da recuperação dos ativos de risco este início de ano está proporcionalmente ligada a sinalização mais frouxa do Fed (além das medidas de estímulo na China).

Ontem, o Consumer Confidence apresentou forte queda nos EUA, liderado pelo indicador de expectativas. O indicador de emprego mostrou novo aperto do mercado e trabalho. Continuo vendo um cenário de arrefecimento do crescimento, mercado de trabalho robusto, pressões de salários porém pouco poder de repasse de preços por parte das empresas. Vejo este ambiente como negativo para margens, lucros e, consequentemente, para os preços das ações nos EUA.

No início da noite a Apple divulgou resultado. Os números foram negativos, mas como a empresa já havia promovido um “profit warning” em dezembro, acabou não seno tão mal recebido pelo mercado. Vimos forte queda na demanda da China, da ordem de 25%, além de queda na Europa. As evidências anedóticas continuam apontando para um quadro de fragilidade do crescimento ex-EUA.

No Brasil, a Vale divulgou o seu plano de ação. Irá fechar cerca de 10 barragens como a de Brumadinho, todas em Minas Gerais. Isso deve impactar cerca de 10% de sua produção. A empresa irá gastar cerca de R$5bi neste processo de encerramento das barragens. O plano de ação foi bem recebido pelo mercado, pois tira uma enorme incerteza do cenário. O minério de ferro apresentou forte alta na China. As ações da Vale apresentaram alta relevante no “after market” nos EUA ontem à noite.

O Banco Central anunciou a rolagem integral das linhas no mercado de câmbio. O coupom cambial está bem elevado, na ordem de 4%. Estamos vendo fluxo de saída financeira do país, em um momento sazonalmente de fluxos positivos. Neste momento, é difícil de explicar a situação, mas deveríamos ver algum arrefecimento do coupom e da própria taxa de câmbio e um ambiente externo mais benigno (interregno benigno) e com o cenário local mais positivo.

Os dados de crédito de dezembro, divulgado ontem, mostraram continuidade do processo de recuperação deste mercado. Seguimos observando uma queda das taxas e dos spreads, menor inadimplência, aumento das concessões e uma perda de mercado dos bancos públicos em detrimento aos bancos privados. Continuo vendo o crédito em situação saudável e confortável, podendo ser um importante vetor de propulsão e impulso da economia de agora em diante.

No campo político, estamos caminhando para uma presidência da Câmara liderada por Rodrigo Maia e do Senado liderado por Renan Calheiros. Este último, aproveitou a terça-feira para declarar que agora será mais liberal e reformista, com alinhamento ao novo governo. Em linhas gerais, está se configurando um cenário político mais positivo e propenso a aprovação das reformas econômicas.



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