Acumulam-se sinais de desaceleração global. Atenção à posição técnica em Brasil.


O destaque do dia, passado o ”warning” da Apple (comentado aqui: https://mercadosglobais.blogspot.com/2019/01/apple-flash-crash-e-lua-de-mel-no-brasil.html) ficou por conta do ISM Manufacturing de dezembro nos EUA.

O ISM Manufacturing – um dos indicadores mais contemporâneos de crescimento que existe – caiu de 59,3 para 54,1 pontos em dezembro, muito abaixo das expectativas de 57,5 pontos. O número de hoje reforça um quadro de desaceleração global dos PMIs, que já vinha sendo destaque em regiões como Europa e China desde meados de 2018.

Este número deverá elevar ainda mais o receio do mercado em torno de uma potencial desaceleração global mais acentuada de agora em diante, mantendo o cenário desafiador para os ativos externos.

O dia foi marcado por uma queda dos índices de bolsa dos EUA, forte fechamento de taxa de juros e queda do dólar. Os movimentos fazem sentido em meio as expectativas de que os EUA irão se juntar ao resto do mundo em um ambiente de menor crescimento. Atrevo-me a dizer que estas podem ser tendências mais duradouras. Como tenho comentado aqui, ganho convicção neste cenário e, em especial, nesta visão de um dólar mais fraco, especialmente contra alguns pares de G10.

Como comentei pela manhã, desenha-se um ambiente mais desafiador para as bolsas dos EUA, com mais volatilidade, menos tendências claras, em que alocações mais específicas e focadas no “micro” serão mais relevantes do que a direção dos índices.

No Brasil, o mercado continua focado nas sinalizações do novo governo. A “lua de mel” deve continuar, até que o primeiro desafio de fato se coloque a frente de Bolsonaro e Cia. O cenário externo, hoje, se coloca como o maior risco aos ativos locais.

Começo a ficar desconfortável com a posição técnica. Vemos quase a totalidade dos gestores de multimercados “comprados em Brasil”, vimos uma forte apreciação das ações de empresas estatais. Este cenário se assemelha aquele de inicio de 2018, que durou até meados de fevereiro.

Continuo otimisma com o cenário cíclico de Brasil. Começo a ficar desconfortável com a posição técnica e alguns valuations. Contudo, estes movimentos podem perdurar, como ocorreu em 2018.

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