Relatório Semanal de Asset Allocation:
Cenário
Econômico:
Na nossa visão, dois grandes temas estão
ditando o ritmo dos ativos locais e deverão continuar assim pelo menos nos
próximos meses.
No Brasil, as eleições para presidente
continuam sendo o principal vetor propagador de incerteza ao cenário, já que
não vemos mudanças drásticas no campo econômico. Nos últimos dias, as pesquisas
de intenções de voto mostraram a consolidação de Jair Bolsonaro na liderança
das pesquisas. Fernando Haddad, agora oficialmente o candidato do PT, mostra
avanço rápido e acentuado nas pesquisas. Neste momento, encontra-se na segunda
colocação, disputando posição com Ciro Gomes. Geraldo Alckmin e Marina Silva, a
despeito do empate técnico com Haddad e Ciro, aparecem numericamente atrás,
mostrando pouca competitividade e capacidade de angariar apoio adicional.
Olhando de hoje, vemos o cenário de
maior probabilidade, porém com convicção baixa, de um segundo turno entre
Bolsonaro e Haddad. Na nossa visão, ainda é cedo para traçar os cenários de
segundo turno, pois vemos uma sociedade extremamente dividida e polarizada, o
que deverá manter o ambiente de incerteza e divisão até o dia da votação.
Entraremos em detalhes mais profundos sobre os impactos na economia e nos
mercados locais da possível vitória de cada um dos candidatos em momento posterior
mais oportuno.
No âmbito externo, o destaque fica por
conta dos desenvolvimentos econômicos nos EUA e seus impactos para a política
monetária do país, com suas já reconhecidas reverberações ao resto do mundo.
Continuamos a ver números econômicos que
mostram um crescimento sólido, mas, principalmente, um mercado de trabalho
extremamente apertado, no pleno emprego, com o hiato do produto fechado e o
acúmulo cada vez mais evidente de pressões inflacionárias. É verdade que a
inflação em si, medida pelo Core CPI apresentou alta abaixo das expectativas em
agosto e ainda não aponta para um descontrole da inflação no país. Contudo,
praticamente todos os demais indicadores de inflação adjacentes apontam na
direção da necessidade de continuidade do processo de normalização monetária no
país.
O mercado ainda precifica um ciclo de
alta de juros, na nossa opinião, extremamente gradual, talvez de certa forma
leniente, e uma taxa de juros terminal, na nossa visão, baixa diante do cenário
exposto acima. O banco central dos EUA (Fed) vem sinalizando nessa direção, e
citando alguns vetores (economias emergentes, “guerra comercial”) apenas como
riscos ao cenário, mas que, por ora, não representam de fato um obstáculo ou
impedimento a continuidade do processo de alta da taxa de juros e redução do
balanço. Na nossa opinião, este processo deverá ser superior (talvez bastante
superior) ao que está hoje precificado nos mercados.
Alocação/Estratégia:
Juros - Preferimos estar neutros nas curvas nominais e
reais de juros, pois vemos o risco/retorno como não atrativo. Vemos pouco
prêmio de risco no mercado de juros diante de um ambiente global mais
desafiador, eleições internas incertas, um câmbio próximo aos níveis mais
desvalorizados da história em termos nominais e uma inflação que parece ter
feito o seu piso.
Câmbio - Continuamos sem recomendações
estruturais para o mercado de câmbio. O menor carrego da moeda, o cenário
externo mais desafiador e o cenário eleitoral ainda indefinido deverão manter o
câmbio com elevada volatilidade e em patamares mais depreciados do que o
imaginado anteriormente.
Renda Variável/Bolsa - Assim como no mercado de juros,
preferimos estar com posições neutras (ou em torno da média) no mercado de
renda variável. Estamos optando por fundos com menor “beta” ao mercado e que
priorizem ações de valor e/ou com boa previsibilidade de resultados, como
alguns fundos de dividendos.
Fundos Estruturados - Continuamos com recomendações acima da
média para fundos multimercados. Gostamos de gestores que historicamente conseguem
gerar alpha em mercados externos, e/ou que mostrem menor dependência a temas
específicos, como a queda de juros no Brasil.
Fundos de Investimento no Exterior - Finalmente, acreditamos que existe
espaço para fundos de investimento no exterior com viés neutro ao “beta” do
mercado, como fundos long-short neutros, fundos macro, CTA e etc, nos quais a
escolha do gestor seja um gerador maior de retorno do que a direção do mercado
em si.
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