Guerra Comercial e Eleições no Brasil
No cenário externo, o destaque do
final de semana ficou por conta da deterioração nas relações comerciais entre EUA e China, segundo uma série de artigos do WSJ (https://www.wsj.com/articles/china-weighs-skipping-trade-talks-after-u-s-tariff-threat-1537115334?mod=hp_lead_pos2).
Minha opinião sobre o tema já foi amplamente discutia neste fórum e segue
inalterada. Acredito que não haja, neste momento, incentivo para nenhum dos
lados recuarem de seu posicionamento. Assim, acredito que, neste tema, a
situação deverá piorar antes de uma solução concreta mais racional.
De acordo com a mídia, os EUA devem
proceder com a implementação de impostos de importação em US$200bi de produtos
chineses na ordem de 10%. A montante das tarifas é menor do que os 25% ventilados
anteriormente, porém não menos importante. Vejo um impacto quase que imediato
na inflação dos EUA, porém um impacto mais lento e incerto sobre o crescimento.
Os números econômicos divulgados na sexta-feira
confirmaram uma economia bastante robusta, sem sinais de desaceleração, com o mercado
de trabalho no pleno emprego, com hiato do produto fechado e o acumulo cada vez
mais claro e evidente de pressões inflacionárias. Algumas pesquisas mais qualitativas
e anedóticas já mostram este pano de fundo como dificultando contratações,
pressionando margens e etc. Neste ambiente, o Fed deverá continuar o processo e
normalização monetária, e citar os problemas nos países emergentes apenas como
riscos ao cenário, mas sem impactos relevantes de curto-prazo sobre a política
monetária.
No Brasil, a pesquisa da XP Investimentos e do Datafolha para presidente
mostraram um cenário bastante parecido. Bolsonaro se consolida na liderança com
cerca de 25% das intenções de voto. Haddad ganha espaço de maneira rápida e
acentuada, e já aparece em segundo, com empate técnico com Ciro e, um pouco
atrás, Alckmin (estagnado nas pesquisas) e Marina, em queda livre. As
simulações de segundo turno mostram algum avanço de Bolsonaro, mas em situação
ainda de bastante incerteza.
Acredito que o mercado estará focado,
nos próximos dias, no patamar que Haddad irá se consolidar, visto que sua alta
marginal tem sido surpreendente. Concomitantemente a isso, será importante
observar as simulações de segundo turno, para ver a força da esquerda e a
rejeição de Bolsonaro.
Como citei neste espaço há algumas semanas
atrás, meu cenário base, olhando de hoje, porém com nível de convicção baixo, é
um segundo turno entre Bolsonaro e Haddad. Depois disso, vejo uma nova eleição,
em que várias variáveis ainda precisam ser entendidas antes de ter alguma
opinião de fato.
Continuo administrando o portfólio de
maneira mais ativa que a média, com baixa exposição Brasil, a despeito de um
viés mais negativo. Continuo tomado em juros nos EUA, com hedges através de compra de volatilidade de índices de bolsa e calls de JPY.
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