Guerra Comercial, US Tech & Eleições Brasil.
De acordo com o WSJ e em notícia já disseminada na
mídia internacional (https://www.wsj.com/articles/china-cancels-trade-talks-with-u-s-amid-escalation-of-tariff-threats-1537581226),
a China cancelou o envio de sua delegação
que estava agendada para discutir a relação comercial com os EUA. Assim, as
tarifas em cerca de US$200b adicionais de importações chinesas aos EUA deve
entrar em vigor nesta segunda-feira. Trump já sinalizou que pretende iniciar o
estudo de tarifas adicionais em US$267bi de novos produtos chineses, o que
levaria a taxação da integralidade dos produtos da China que chegam aos EUA.
Como já escrevi neste fórum diversas vezes,
acredito que não existe, neste momento, nenhum estímulo para os EUA alterarem
sua postura. Por sua vez, a China não pode, por questões políticas e
estratégias, se curvar a todas as demandas americanas. Assim, acredito que a
situação tenha que piorar, seja por uma forte deterioração do cenário econômico
(mais provável na China do que nos EUA neste momento) ou com uma forte reação
negativa dos mercados financeiros globais.
Até este momento, os investidores estão vendo esta
situação como controlada e com impactos limitados sobre o crescimento e a
inflação, o que tem impedido uma deterioração mais acentuada e agressiva dos
ativos de risco. Confesso que não sei ao certo até onde este balanço de
estabilidade conseguirá se sustentar.
Segundo artigo da Bloomberg (https://www.bloomberg.com/news/articles/2018-09-22/draft-order-for-trump-would-crack-down-on-google-facebook?srnd=premium),
uma “ordem executiva” do governo dos EUA
irá investigar as práticas de algumas plataformas tecnológicas, como Google,
Facebook e outas empresas do setor.
Há algum tempo atrás, quando estourou o “escândalo”
dos dados do Facebook, escrevi aqui que estávamos no início de um processo estrutural
de maior controle destes meios (https://mercadosglobais.blogspot.com/2018/04/tech-trouble-china-tariffs-and-nafta.html?q=facebook).
Reforço, agora, está visão. Após vários anos de avanços dessas empresas e
frente as desigualdades atuais da economia mundial, acho que o caminho de maior
regulamentação neste setor já está sendo semeado. Não estou fazendo aqui juízo de
valor ou dando minha opinião se isso é certo ou errado, mas confirmando uma
constatação.
Em relação ao Brasil,
recebi alguns feedbacks interessante do meu último comentário (https://mercadosglobais.blogspot.com/2018/09/brasil-relief-rally-em-meio-um-cenario.html),
com muito apontando o discurso de Fernando Haddad, mais ao centro, como um
motivo adicional de animação dos mercados locais.
Entendo que, no curto-prazo, ajudado por todos os
demais vetores comentados no texto anterior, este discurso aparentemente mais
ao centro pode também ter ajudado os ativos locais. Inclusive, escrevi que
esperava algum pragmatismo de quem quer que seja eleito para presidente em
outro comentário (https://mercadosglobais.blogspot.com/2018/09/brasil-precisamos-entender-raiz-do.html).
Contudo, reforço a minha tese que o Brasil precisa
hoje de reformas urgentes e agressivas onde será necessário o diagnóstico
correto da situação, a intensão de colocar as reformas em pratica e a capacidade
de execução e de diálogo com o Congresso. Assim, olhando deste ponto de vista,
eu não vejo o plano econômico apresentado pelo PT, sempre a luz da visão do
mercado, como sendo suficiente para colocar o país de volta no trilho do
desenvolvimento. Assim, tendo a acreditar que, a despeito de animações
pontuais, que a meu ver continua sendo puxada por vetores diversos, um eventual
avanço da esquerda nestas eleições não deverá ser bem vista pelos mercados
financeiros locais ao longo do tempo.
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