Inflação mais baixa nos EUA não muda o quadro geral.


O Core CPI de agosto nos EUA ficou abaixo das expectativas do mercado, com alta de 0,1% MoM e 2,2% YoY.

O número tira pressão de curto-prazo para uma eventual aceleração do processo de normalização monetária nos EUA, mas dificilmente irá alterar o “plano de voo” do Fed de altas de 25bps a cada 3 meses (4 altas de juros por ano) e sua redução automática de balanço. Vale lembrar que o mercado ainda trabalha com uma taxa de juros terminais de cerca de 2,70%-2,75%, o que me parece excessivamente baixa e leniente diante dos sinais de aperto do mercado de trabalho.

O Jobless Claims da última semana se manteve em torno de 200 mil, menor patamar em décadas e confirmando um quadro de aperto do mercado de trabalho, em linha com o que já havia sido demonstrado por outros indicadores divulgados ao longo da semana.

O Core CPI pode vir a tirar alguma pressão pontual e cíclica dos ativos emergentes, que sofreram bastante ao longo de agosto, mas acho difícil que seja capaz de mudar a dinâmica estrutural deste mercado, visto que ainda há amplo espaço para a reprecificação da curva de juros nos EUA. A melhora cíclica seria mais uma reação ao nível de preços e algum fluxo pontual.

Nesta linha, a Turquia anunciou uma alta de mais de 600bps nas suas taxas de juros, para 24%, acima das expectativas do mercado. A medida é bastante positivo, mas apenas o primeiro passo na direção de um política econômica mais ortodoxa para conter a deterioração da economia e dos mercados locais.

É importante ter em mente que a Argentina levou suas taxas de juros para 60% e a moeda do país continua em processo de depreciação, com forte pressão hoje. Isso mostra que as economias mais fragilizadas, que não aproveitaram os 10 anos de condições monetárias frouxas no mundo para promover ajustes estruturais terão agora um trabalho muito mais árduo na tentativa de estabilizar suas economias.

O BoE na Inglaterra e o ECB na Área do Euro mantiveram suas políticas monetárias estáveis, sem surpresas, como era amplamente esperado.

No Brasil, os mercados locais apresentaram forte deterioração, seguindo rumores divulgados na mídia de que “trackings” eleitorais estariam mostrando avanço expressivo de Haddad nas intensões de voto após o anuncio de apoio oficial de Lula.

Olhando de hoje, continuo vendo um segundo turno entre Bolsonaro e Haddad como o mais provável, como tenho comentado nos últimos dias, porém com nível de convicção baixa.

Continuo com baixa exposição a risco no Brasil, com leve viés negativo de curto-prazo, mas com posições apenas táticas. Vejo o alívio externo apenas como pontual, se acontecer, e um quadro político local bastante complicado do ponto de visto dos candidatos competitivos a luz da visão do mercado em torno de suas políticas econômicas.

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