Relatório Mensal de Asset Allocation:
Cenário
Econômico:
Agosto foi um mês de forte deterioração das
economias e dos mercados emergentes em contrapartida ao bom desempenho da
economia norte americana e de seus ativos financeiros.
Nossa visão segue inalterada. Acreditamos que toda
a turbulência nos países emergentes é apenas um sintoma da redução da liquidez
global que, por ora, é mais visível e mais avançada nos EUA mas que está sendo
seguida de medidas no mesmo sentido pela Europa e pelo Japão.
Esses três bancos centrais foram os principais
responsáveis por uma maciça injeção de liquidez nos mercados financeiros
globais desde a crise de 2008 e agora estão no meio, ou talvez no início, de um
processo de normalização monetária que promete ser prolongado.
Com
este pano de fundo, acreditamos que estamos diante de um cenário mais
desafiador para os ativos de risco como um todo. Momentos de acomodação e/ou
recuperação devem ocorrer, como vimos no mês de julho, mas devem ser pontuais e
sem força suficiente para alterar estruturalmente a dinâmica do mercado.
Não
achamos necessário entrar nos detalhes do que ocorre em países como Argentina,
Turquia, Indonésia, China, África do Sul e outros, cada um com seus problemas e
suas fragilidades, mas todos sofrendo por força da redução global de liquidez.
O
Brasil está inserido neste contexto e acaba sofrendo dos mesmos males que os
seus pares emergentes, com o agravante de o país estar as vésperas de uma
eleição presidencial cujo resultado final é envolto de incertezas e ter uma
necessidade evidente de fazer um ajuste fiscal representativo através de
reformas estruturais de aprovação não óbvias.
Não
há mudanças no quadro econômico do Brasil nos últimos meses. A inflação
corrente continua baixa, mas as perspectivas a frente já apresentaram piora
significativa. O melhor para o cenário de inflação já ficou para trás e podemos
esperar números mais elevados a frente.
O
crescimento continua baixo e com pouco poder de recuperação. As contas fiscais
precisarão enfrentar um ambiente hostil nos próximos meses/anos e apenas
reformas estruturais serão capazes de impedir o país de entrar em uma crise
econômica mais grave.
Finalmente,
a aparente tranquilidade das contas externas, com um déficit em conta corrente
baixo e um investimento estrangeiro direto robusto, não podem nos deixar
lenientes diante dos desafios que se colocam a nossa frente. A dinâmica recente
da moeda mostra que de nada vale esta aparente tranquilidade das contas
externas, pois os fluxos podem nos deixar em situação extremamente fragilizada
do ponto de vista cambial.
Diante
de todo o exposto acima, continuamos com uma visão mais cautelosa em relação ao
cenário local e externo.
Alocação/Estratégia:
Juros
- Preferimos estar neutros nas curvas nominais e reais de juros,
pois vemos o risco/retorno como não atrativo. Vemos pouco prêmio de risco no
mercado de juros diante de um ambiente global mais desafiador, eleições
internas incertas, um câmbio próximo aos níveis mais desvalorizados da história
em termos nominais e uma inflação que parece ter feito o seu piso.
Câmbio
- Continuamos sem recomendações estruturais para o mercado de
câmbio. O menor carrego da moeda, o cenário externo mais desafiador e o cenário
eleitoral ainda indefinido deverão manter o câmbio com elevada volatilidade e
em patamares mais depreciados do que o imaginado anteriormente.
Renda
Variável/Bolsa - Assim como no mercado de juros, preferimos estar com posições
neutras (ou em torno da média) no mercado de renda variável. Estamos optando
por fundos com menor “beta” ao mercado e que priorizem ações de valor e/ou com
boa previsibilidade de resultados, como alguns fundos de dividendos.
Fundos
Estruturados - Continuamos com recomendações acima da média para fundos
multimercados. Gostamos de gestores que historicamente conseguem gerar alpha em
mercados externos, e/ou que mostrem menor dependência a temas específicos, como
a queda de juros no Brasil.
Fundos
de Investimento no Exterior - Finalmente, acreditamos
que existe espaço para fundos de investimento no exterior com viés neutro ao
“beta” do mercado, como fundos long-short neutros, fundos macro, CTA e etc, nos
quais a escolha do gestor seja um gerador maior de retorno do que a direção do
mercado em si.
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