Pausa.
O “Mercados Globais” irá fazer uma
pausa até o dia 8 de outubro. Neste ínterim, estarei focado em outros projetos,
com acesso limitado ao e-mail. Estarei, contudo, acompanhando a evolução dos
mercados financeiros globais e do cenário econômico. Caso acredite que haja a
necessidade de um breve comentário de atualização ou mudança de cenário ou
visão, farei meu dever fiduciário de comunica-los.
Por ora, mantenho a minha visão estrutural
inalterada e vejo os movimentos recentes apenas como movimentos cíclicos, pontuais
e localizados, em busca de algum retorno adicional de curto-prazo em meio a um
cenário global e local ainda extremamente desafiador.
Relembrando, vejo as principais economias desenvolvidas
em um movimento estrutural, que promete ser prolongado, de normalização
monetária e retirada de liquidez e estímulos. Os números de inflação na Alemanha
de hoje apenas me fazem lembrar que “the
winter is coming (on the north!)”, ou melhor, a inflação está chegando em
um país perto de você!
Assim, continuo vendo um cenário, liderado pelos
EUA, de pleno emprego, hiato do produto fechado e acumulo de pressões inflacionárias
que levarão os bancos centrais a manter uma postura mais dura em relação as
taxas de juros e estímulos monetários. Neste ambiente, exceto por movimentos
pontuais como o que observamos em setembro, acredito que ainda haja amplo
espaço para decepção em relação ao desempenho de longo-prazo de várias classes
de ativos de risco.
O mundo passou os últimos 10 anos alocando recursos
em ativos de risco em busca de retornos adicionais. Os preços e valuations
estão em níveis historicamente elevados, com os prêmios de risco comprimidos. Entendo
que o mercado não se move em linha reta, então teremos movimentos mais
positivos como o que vimos nas últimas semanas.
Na China, entendo que as medidas recentes foram
suficientes para estabilizar os mercados financeiros locais e a economia no
curto-prazo, mas se provarão insuficientes para uma estabilização de
longo-prazo. O processo de reformas do país passa, invariavelmente, por uma desalavacagem
(por bem ou por mal) da economia e um crescimento menor. Deveremos conviver com
novas incertezas provenientes do Oriente mais cedo ou mais tarde.
Não estou profetizando o apocalipse, pois ainda não
vejo argumentos ou vetores para movimentos negativos mais acentuados, mas
mantenho uma postura cautelosa diante deste cenário.
Os desafios que estão sendo vividos pela Argentina,
para citar um país emergente, e pela Itália, para citar um país desenvolvido não
comprometido com reformas econômicas, são um alerta para o Brasil.
No Brasil, continuo vendo um cenário eleitoral
extremamente competitivo, com Bolsonaro e Haddad em uma disputa de narrativas
que só deverá ser decidida no dia das eleições. Continuo achando imprudente tentar
adivinhar o vencedor deste pleito. Acredito, contudo, que diante do cenário
exposto acima, qualquer que seja o vencedor, pegará um cenário que demandará
extrema capacidade de governo, conseguindo entender o diagnostico dos problemas,
ter convicção na necessidade das medidas e capacidade de articulação para
coloca-las em prática.
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