Cenário Confirmado. Tentativa de Estabilização EM.


Brasil – O IPCA de agosto apresentou queda de 0,09% MoM e alta de 4,19% YoY. O número ficou abaixo das expectativas do mercado e ajudou o movimento de fechamento de taxa de juros no Brasil e queda das inflações implícitas.

Acredito que o número mostra uma fotografia do passado e pouco diz respeito a inflação prospectiva. Continuamos a ver números de inflação mais elevados à frente. Ainda não há sinais de descontrole de preço, mas o melhor da inflação de fato já ficou para trás.

No tocante a política monetária, o número de hoje pouco altera o cenário de curto-prazo. O cenário base é de manutenção de juros na próxima reunião do Copom, mas com o Comitê mantendo flexibilidade para agir.

Mantemos pequena alocação vendida em opção digital de manutenção, feita a 70%, por acharmos a assimetria favorável diante dos riscos locais e externos até a reunião. A posição será reavaliada até o dia do próximo Copom. Após reduzirmos drasticamente nossa alocação comprada em inflação implícita, mantemos baixa exposição a Brasil diante do cenário de incerteza. Além da opção digital, mantemos pequena alocação em inflação implícita e pequena posição em calls-spreads de Ibovespa. Na ausência de sinais mais claros no campo político, não pretendo ter alocações significativas em Brasil até as eleições. Essa parece ser a decisão mais prudente neste momento.

No momento que escrevo sai a notícia de que Bolsonaro foi esfaqueado em Juiz de Fora, mas passa bem. A interpretação preliminar é que reforça o discurso agressivo do candidato no tocante a segurança pública. Isso certamente tentará ser utilizado na campanha em seu favor.

EUA – O ADP Employment apresentou criação saudável e robusta de 163 mil vagas de trabalho em agosto. O Jobless Claims caiu ao patamar de 203 mil, menor em várias décadas. O ISM Non-Manufacturing subiu para 58,5 pontos, nível que aponta para um crescimento sólido da economia.

Os números recentes reforçam um cenário de economia robusta, no pleno emprego e com o hiato do produto fechado. Não há motivos para o Fed mudar o seu “plano de voo” de normalização monetária, o que tem sido um dos maiores obstáculos ao bom desempenho de algumas classes de ativos ao longo desse ano, como os ativos emergentes, algumas commodities e etc. No limite, caso a inflação comece a acelerar de fato, existe inclusive espaço para aceleração do processo de alta de juros. A redução do balanço do Fed me parece m piloto automático.

Hoje vimos sinais de estabilização de algumas classes de ativos, mas apenas de maneira incipiente. O movimento recente, o nível de preços e a posição técnica de curto-prazo podem trazer alguma acomodação a estas classes de ativos, mas uma mudança de tendência demandará mudança substancial de cenário (crescimento EUA mais fraco, e/ou emprego mais fraco, e/ou inflação mais moderada).

Hoje, inclusive, ouvimos do BoC no Canadá a discussão de uma eventual aceleração do processo de alta de juros. Isso apenas corrobora o cenário global de normalização monetária, que ainda me parece estar em seu início, ou talvez no seu meio, mas longe de seu final.

Seguimos tomados em taxa de juros na parte intermediária da curva dos EUA, com hedges através de compra de volatilidade em alguns índices de bolsa. Esta semana adicionamos posição comprada em JPY via puts mais longas, por acreditarmos que compõe bem o portfólio.

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