EUA mostra sinais adicionais de aperto do mercado de trabalho. Pesquisa Ibope no Brasil não muda o pano de fundo.


Os ativos de risco estão abrindo a quarta-feira com leve viés positivo, a despeito de mais uma noite de dinâmica ruim dos ativos na China e no resto da Ásia. Voltamos a vivenciar um ambiente de pressões negativas localizadas, em especial na Ásia, mas que ainda não está sendo capaz de gerar qualquer tipo de contaminação mais acentuada ou duradoura para o resto do mundo. Inclusive, os próprios ativos emergentes ex-Ásia vêm apresentando sinais de estabilização nos últimos dias, mesmo diante de uma rodada de alta de juros nos países desenvolvidos.
No tocante a Ásia, continuamos a ver números que apontam para um arrefecimento do crescimento da região e uma situação ainda bastante fragilizada (para os padrões do país) no que diz respeito a China.
Nos EUA, contudo, ontem observamos novas evidências de solidez da economia. O JOLTs Job Openings  o NFBI Business Confidence mostraram um mercado de trabalha extremamente robusto, no pleno emprego e com o hiato do produto fechado. As pressões inflacionárias são cada vez mais evidentes e gritantes. Não apenas os “headlines” dos números mostraram este ambiente, mas principalmente a abertura e o qualitativo dessas pesquisas.
No Brasil, a pesquisa Ibope divulgada na noite de ontem, em linha gerais, mostrou um cenário muito parecido com aquele apresentado pela pesquisa Datafolha no dia anterior. Assim, o que eu escrevi ontem continua válido (https://mercadosglobais.blogspot.com/2018/09/sinais-de-pressoes-inflacionarias-ao.html):
No Brasil, a pesquisa Datafolha divulgada ontem trouxe algumas informações importantes. Bolsonaro se consolidou na liderança, mas em um primeiro momento ganhou pouco com o bárbaro episódio que o acometeu na semana passada. Ciro mostra avanço expressivo, no que me parece seus “15 minutos de fama” com sua proposta de retirar o nome dos devedores da lista do SPC. Alckmin ganha pouco terreno após 10 dias de horário eleitoral, esperava-se mais do candidato do PSDB. Haddad começa a mostra competitividade, mesmo sem o anuncio oficial do apoio de Lula. Marina, como esperado, começa a “derreter”.
Acredito que a pesquisa esteja, grosso modo, em linha com o esperado e mostra uma “fotografia” de indefinição no tocante ao segundo lugar nas pesquisas. Pensando friamente o cenário prospectivo, me parece que Haddad continua mostrando a melhor capacidade de angariar apoio na reta final para ter um lugar no segundo turno junto com Bolsonaro, que parece consolidado na liderança. O anuncio oficial do apoio de Lula, somado a campanha do PT devem trazer forte apoio ao candidato nos próximos dias. Não analisarei os cenários de segundo turno neste momento, pois acredito que será uma “nova eleição”.
Acredito que os mercados locais não receberão bem o cenário acima. A incerteza continuará elevada e a possibilidade de Bolsonaro e Haddad no segundo turno me parece um cenário considerado arriscado a luz do pensamento do mercado.
O PT anunciou oficialmente a candidatura e Fernando Haddad para presidente no lugar de Lula, como era amplamente esperado. A partir de agora, começará um forte esforço de transferência de votos. Acredito que existe uma probabilidade alta de nos próximos 5 a 10 dias Haddad já apresentar-se consolidado com cerca de 12% a 15% das intenções de voto nas pesquisas eleitorais.
Na agenda do dia, o destaque ficará por conta do PPI nos EUA, como prévia do Core CPI amanhã e para um leilão de Treasuries de 10 anos.

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