Brasil: Dicotomia entre incerteza do cenário e dinâmica do mercado.


Os ativos no Brasil tiveram um dia de elevada volatilidade. Após abrirem sob forte pressão negativa, digerindo a pesquisa Ibope de ontem a noite (https://mercadosglobais.blogspot.com/2018/09/pesquisa-ibope-e-normalizacao-monetaria.html), vimos uma forte recuperação ao longo da tarde. Alguns argumentos ou teorias para a melhora:

- O mercado está tecnicamente mais “leve” e os preços (dos ativos emergentes em geral) estão mais atrativos;
- Os investidores estão mais tranquilos com o cenário eleitoral, seja pelo otimismo com eventual governo de Bolsonaro, seja com um possível passo de Haddad mais ao centro;
- Fluxos, especialmente de rebalanceamentos de final de trimestre;
- O mercado está mais ajustado globalmente para o cenário externo de normalização monetária das economias desenvolvidas e os ativos emergentes acabam chamando a atenção pelo “valuation” comparativo mais atrativo do que seus pares nos países desenvolvidos.

Continuo vendo o período eleitoral com elevada volatilidade e incerteza, em meio a um cenário externo que ainda me parece desafiador.

As Notas do Copom divulgados pelo BCB reforçam a mensagem do Comunicado da decisão da semana passada (https://mercadosglobais.blogspot.com/2018/09/em-relief-rally-eleicoes-e-copom.html), ou seja, o BCB deixou em aberto a possibilidade do início de um processo de alta da Taxa Selic. Recomendo a leitura do link acima para uma visão um pouco mais completa sobre o tema.

No cenário externo, vimos o Consumer Confidence nos EUA atingir o maior patamar deste ciclo econômico, confirmando o cenário de robustez da economia. Amanhã teremos a decisão do FOMC nos EUA. O mercado já espera uma alta de 25bps com um comunicado que pode conter alterações relevantes.

Na Argentina, o Presidente do Banco Central renunciou após menos de 4 meses no cargo, mostrando que existem fissuras no governo argentino em torno das negociações para o pacote de ajuda junto ao FMI e o modelo de ajuste econômico que precisa ser executado.

A Argentina é um caso clássico de país emergentes que optou por fazer reformas que foram vistas como excessivamente lentas pelo mercado e, quando a maré internacional virou, acabou passando (e ainda passa) por enormes dificuldades. Sabendo que existem diferenças gritantes entre o caso argentino e o caso brasileiro, não podemos perder o foco de quanto importante e urgente são as reformas no Brasil.

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