Brasil: Precisamos entender a raiz do problema.


Os ativos de risco estão passando por um momento de recuperação, após o Core CPI nos EUA mostrar um cenário de inflação controlada e a ausência de necessidade de uma aceleração do processo de normalização monetária nos EUA. Soma-se a isso, a visão de que a posição técnica de algumas classes de ativos (emergentes, commodities e etc), os preços e os valuations estavam atrativos para alocações nessas classes.

Continuo vendo essa dinâmica muito mais como cíclica do que estrutural, podendo durar alguns dias ou algumas semanas, mas dificilmente alguns meses, na ausência de mudanças substanciais do pano de fundo global.

O Brasil está sendo levado “a reboque” deste movimento global, a despeito dos enormes desafios que irá encontrar pela frente. Não é a primeira vez, e não será a última vez, que o cenário externo irá preponderar sobre o cenário local. Na média, isso ocorre com mais frequência do que muitos imaginam.

Com as eleições chegando não posso me furtar de comentar sobre o tema, mas fazendo as ponderações de sempre: minha opinião sobre política vale o mesmo que uma nota de 3 reais e, nunca, em momento algum, estarei fazendo juízo de valor sobre este ou aquele candidato ou partido, apenas analisando a potencial reação dos mercados a cada um dos eventuais candidatos eleitos e seus planos de governo.

O Brasil passa por um momento de grave crise fiscal. O país necessita de uma reforma econômica urgente e agressiva. O cenário externo pode, eventualmente, “empurrar este problema com a barriga”, como vem ocorrendo nos últimos anos. Contudo, o problema existe, é latente e, em algum momento, por bem ou por mal, deverá ser endereçado.

Muitos já sabem que espero um segundo turno entre Jair Bolsonaro e Fernando Haddad. Olhando de hoje, com o plano de governo de ambos e os discursos recentes, eu acredito que nenhum dos dois candidatos fará nenhuma loucura econômica uma vez levados ao cargo de presidente. Acredito que, com algumas variações grandes (obviamente) irá predominar algum tipo de pragmatismo.

Por outro lado, a despeito da aparente boa intensão de alguns, um congresso fragmentado e a ojeriza da sociedade às reformas (provadas por pesquisas recentes e comprovadas pela greve dos caminhoneiros) dificilmente as reformas econômica necessárias serão concretizadas no tempo necessário para evitar o pior. Em linhas gerais, me parece que as reformas econômicas agressivas que são necessárias para o bom andamento da economia, só serão implementadas na eventualidade de uma crise de fato.

É claro que a reação de curto-prazo dos ativos do Brasil será muito diferente caso Bolsonaro seja eleito ou Haddad saia vitorioso. Entendemos isso e estaremos preparados para tomar posições táticas em cada um destes cenários. Todavia, serão reações de curto-prazo, e mesmo assim muito dependentes do ambiente externo. Não podemos perder o norte de longo-prazo para o país, que me parece extremamente desafiador do ponto de vista local e externo.

Seguimos com baixa exposição a risco no Brasil, mas elevamos a alocação comprada da inflação implícita e aumentamos a duration da nossa pequena posição tomada em juros. Seguimos com pequena posição vendida em volatilidade de câmbio e bolsa. No cenário externo, continuamos com elevada exposição tomada em juros nos EUA, e nossos hedges avia compra de volatilidade de índices de bolsa estão sendo, organicamente, dizimados por esta alta adicional das bolsas americanas.

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