Brasil: "Relief rally" em meio a um cenário ainda incerto.
Os ativos no Brasil
apresentaram ontem mais um dia de recuperação, com excelente desempenho. Na
minha opinião, este movimento está sendo impulsionado por alguns vetores
concomitantes, entre eles:
- Uma posição técnica que parece favorável a alocação
no Brasil;
- Preços e valuations que parecem ter atingindo níveis
atrativos para alguns investidores;
- Uma estabilização do cenário externo e
descompressão de prêmios de risco para os ativos emergentes e commodities;
- Um otimismo com a possível vitória de Jair
Bolsonaro nas eleições e sua aparente agenda econômica liberal (escrevi sobre
isso aqui: https://mercadosglobais.blogspot.com/2018/09/brasil-precisamos-entender-raiz-do.html).
Minha visão continua a mesma. Acredito que estes movimentos
sejam cíclicos e não estruturais. Não vejo mudanças estruturais no cenário
externo (veja aqui: https://mercadosglobais.blogspot.com/2018/09/em-relief-rally-eleicoes-e-copom.html)
ou no ambiente desafiador interno (veja no link do último tópico acima).
Entendo e respeito o movimento e a visão do mercado
de curto-prazo. Entendo que estes movimentos podem durar alguns dias ou
semanas, porém não alguns meses.
Continuo vendo uma eleição que será bastante
disputada entre Jair Bolsonaro e Fernando Haddad. Acredito que a decisão do vitorioso
se dará apenas “nos 48 minutos do segundo tempo”.
Acredito ser de certa forma leviano tentar acertar
o resultado dessas eleições neste momento. O mercado já incorreu em erros
semelhantes no passado, como nas eleições de 2014 no Brasil, como muitos
tiveram a certeza de vitória de Marina Silva; nas eleições presidenciais dos
EUA, em que Trump era dado como carta fora do baralho; e na votação do Brexit, onde
ninguém acreditava em vitória de seus favoráveis; sem contar as inúmeras
eleições regionais e locais ao redor do mundo (em especial na Europa) em que
partidos mais radicais e extremos abocanharam posições relevantes nos últimos
anos, sem uma expectativa prévias das pesquisas ou dos “cientistas políticos”.
Finalmente, um breve comentário sobre a China. Há rumores de que o país pode
colocar em prática uma série de medidas de suporte ao crescimento, como corte
de impostos, inclusive de importações, com intuito de contrabalancear as
medidas anunciadas pelos EUA.
O mercado apresentou otimismo que estas medidas
serão suficientes para dar impulso ao crescimento do país, dando suporte as
commodities, aos mercados emergentes e aos ativos chineses em geral.
Acredito que as medidas sejam positivas e ajudarão
o país a navegar o atual momento global de maneira mais suave. Contudo, devido
ao atual estágio de alavancagem da economia do país, neste momento, é
necessário um esforço cada vez maior dos policy
makers para gerar um “delta” de crescimento muito menor do que no passado.
Assim, entendo que as medidas podem dar suporte a economia e otimismo aos mercados
no curto-prazo, mas dificilmente mudaram o destino fina de um menor crescimento
estrutural do país e, à frente, a necessidade de um ajuste econômico e uma
desalavacagem da economia. A China e os emergentes ganharam tempo, mas não
mudaram seu destino.
Comentários
Postar um comentário