Os números econômicos reforçam o cenário desafiador. África do Sul é o próximo "dominó" a cair...


Os dados econômicos recentes apenas reforçam o cenário que tenho descrito neste fórum nos últimos meses e a terça-feira não foi diferente.
Nos EUA, vimos o ISM Manufacturing – um dos indicadores mais importantes de confiança da economia – apresentar alta acima das expectativas em agosto e atingir o maio patamar em cerca de 15 anos. O número de hoje apenas confirma que o Fed deve manter seu processo de normalização monetária inalterado, a despeito da turbulência no mundo emergente. Isso tem sido um dos principais vetores de pressão negativa em alguns mercados, com os mercados emergentes e algumas commodities, por exemplo.
Em contrapartida, as notícias provenientes do mundo emergente seguem nebulosas. Hoje foi a vez da África do Sul divulgar uma forte queda do PIB no segundo trimestre do ano, contra expectativas de recuperação da economia. A moeda do país depreciou mais de 3% e entrou, definitivamente, no hall de países emergentes fragilizados (junto a Turquia e Argentina) que necessitarão de medidas agressivas de ajuste econômico.
No Brasil, o dia me faz voltar em um tema que já comentei há alguns dias atrás, leia-se, a posição técnica do mercado. A terça-feira foi marcada por forte queda da bolsa e relevante abertura de taxa de juro, mas um dólar mais comportado. Como já escrevi aqui, a média do mercado me parece comprada em dólar como hedge das carteiras, mas comprada em bolsa por valuation e bons resultados, e aplicada em juros, por ver prêmios excessivos na curva. O dia de hoje deve ter prejudicada a média das carteiras e confirma um quadro técnico desafiador.
Não podemos descartar movimento de acomodação, que tenho cunhado como “relief rallies” no curto-prazo, frente a deterioração recente nos países emergentes. Contudo, na ausência de mudanças fundamentais, as melhoras devem ser passageiras, mesmo que de duração, as vezes, um pouco prolongada, como foi o caso no mês de julho. A tendência dos mercados me parece ser negativa e com risco crescente de contágio para outras classes de ativos.
O retorno das férias de verão no hemisfério norte estará sendo seguido de uma agenda econômica importante, com os dados de emprego nos EUA essa sexta-feira e dados de inflação já na semana que vem nos EUA. O potencial de “guerra comercial” continua elevado e os países emergentes ainda mostram alguma negação em relação a sua situação corrente, a despeito de medidas, em alguns casos (como na Argentina) na direção correta.
No Brasil, teremos mais volatilidade vinda do cenário de incerteza das eleições com uma pesquisa Ibope nacional a ser divulgada em instantes.

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