Posição técnica e potenciais novas tendências.
Acho importante analisarmos o cenário
global hoje em duas vertentes distantes. Primeiro, no tocante ao cenário
econômico. Segundo, no que diz respeito a dinâmica dos mercados financeiros
globais.
No tocante ao cenário econômico, o
dia foi marcado pela divulgação de dados econômicos mais positivos. Em
especial, as prévias dos PMI´s de abril, na Europa e nos EUA, mostraram sinais
de estabilização do crescimento econômico mundial. Os números de hoje reforçam
a minha tese de que o arrefecimento do crescimento no primeiro trimestre do ano
foi apenas uma acomodação natural do ciclo econômico. Os PMI´s foram ainda
corroborados pelos números de exportação da Coreia do Sul. Por ser uma economia
bastante aberta e com corrente de comércio elevada, suas exportações costumam
ser vistas como um termómetro para a atividade econômica global. De maneira
resumida, ainda vemos uma economia com crescimento positivo e relativamente
estável, a despeito de flutuações em torno da tendência.
No passado recente, normalmente,
dados econômicos mais fortes deveriam ser lidos como positivos pelos ativos de
risco e os mercados financeiros globais. Ultimamente, não é isso que tem
acontecido. Acredito que parte disso seja explicado pela fase atual do ciclo
econômico, em que mais crescimento significa, eventualmente, mais inflação e mais
aperto monetário. Outra parte pode ser explicada pelo processo de normalização
monetária em curso nos EUA (não vamos esquecer que o Fed está reduzindo seu
balanço progressivamente) e, finalmente, um outro vetor seja o técnico do
mercado.
O dia foi marcado por uma forte alta
do dólar no mundo, que está sendo sustentado pela abertura das taxas de juros
nos EUA. Neste caso, em especial, o patamar de 3% das Treasuries de 10 anos
está sendo acompanhado atentamente para eventuais rompimentos e/ou acomodações.
O dólar, por sua vez, me parece estar passando por um grande ajuste técnico. As
posições “vendidas em dólar” no mundo vieram se acumulando ao longo dos últimos
meses, com o consenso se formando em torno de um dólar mais fraco diante dos
déficits gêmeos e políticas econômicas adotadas pela administração Trump. Os
últimos dias estão testando essa tese. A posição técnica comprometida acaba exacerbando
os movimentos.
O mesmo comentário vale para os
ativos emergentes e as commodities metálicas, cujo consenso vem se formando em
torno do bom desempenho desses ativos em uma fase final do ciclo econômico, em
detrimento a outras classes de ativos, como bolsas, rates, bonds (HY, HG e
etc), spreads e afins.
Os ativos no Brasil estão apenas seguindo este humor global a risco e
este ajuste de posições, com destaque para o steepening da curva (vemos muitos fundos com posições de
flattening), alta do dólar (pressão no BRL) que está testando o patamar de 3,45
e apenas leve pressão na bolsa, mas com importantes movimentos entre setores.
Nas últimas semanas (talvez nos
últimos 2 meses) tenho alertado para a ausência de tendências nos mercados
financeiros globais, com os ativos, grosso modo, operando em ranges
relativamente curtos. Algumas classes de ativos estão, neste momento, testando
níveis importantes e algumas tendências e/ou rompimentos podem estar ocorrendo
(ou em desenvolvimento).
O mais claro e óbvio parece ser o
Petróleo. Depois, o dólar no mundo encontra-se em patamar importante, seguido
das Treasuries norte americanas, especialmente a parte mais longa da curva.
Ainda acho cedo para afirmar que estamos, de fato, diante de novas tendências, sejam
técnicas ou fundamentais, mas certamente esses níveis serão atentamente
acompanhados. Seus rompimentos ou resistências poderão ter enorme influência na
dinâmica dos próximos dias/semanas.
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