De volta aos fundamentos
Os ativos de risco apresentaram forte
recuperação na tarde de ontem e estão seguindo a mesma dinâmica essa manhã, com
alta das bolsas e das commodities, abertura de taxas de juros nos EUA e dólar
mais forte ao redor do mundo.
Os mercados globais continuam
bastante sensíveis aos ruídos de curto-prazo, em especial no tocante as tarifas
de importação e aos comentários de Trump em relação a algumas empresas de
tecnologia, e acabaram deixando um pouco de lado o pano de fundo econômico.
A despeito da nova rodada de tarifas
entre EUA e China, há sinais de que o NAFTA possa estar chegando a um acordo
final. Caso confirmado um novo acordo, irá ficar comprovado que a postura mais
dura da administração Trump nos EUA é, de fato, uma estratégia de negociação,
mas que o objetivo final não é prejudicar este ou aquele país, mas buscar um meio
termo que seja mais vantajoso a economia dos EUA. Acredito que parte disso
esteja sendo concluído pelo mercado nas últimas 24 horas.
A dinâmica de hoje é um primeiro
sinal de que o cenário econômico possa voltar a dominar as tendências dos
ativos de risco, com os dados oficiais de emprego nos EUA amanhã como grande
destaque de curto-prazo.
Nas últimas semanas, vimos sinais de
arrefecimento, ou acomodação, do crescimento global, porém concentrado mais nos
dados ex-EUA. Nos EUA, o crescimento parece mais estável, o mercado de trabalho
robusto (vide ISM Employment, Jobless Claims e ADP Employment) e sinais de
acumulo de preções inflacionárias (vide ISM Prices Paid, indicadores de
inflação dos Fed regionais, Core PCE). Assim, não é de se espantar que hoje observamos
uma alta nas bolsas seguida de abertura de taxas de juros e dólar mais forte no
mundo.
No Brasil, o STF negou o Habeas
Corpus do ex-presidente Lula, vetor que vinha se colocando como uma grande
restrição para o bom desempenho dos ativos locais no curto-prazo. Vejo espaço
para uma descompressão dos prêmios nos ativos locais no curto-prazo, especialmente
contra os seus pares. Contudo, no final das contas, o cenário externo deverá
continuar dando o tom dos ativos locais.
Continuo trabalhando com um cenário
ainda desafiador para os ativos de risco de maneira geral, buscando poucos temas
de investimentos e posições relativas. Neste momento, estamos com baixa
alocação a risco e em temas bastante específicos:
- No Brasil, juros longos por mais
tempo e recuperação cíclica da economia, através de posição comprada em NTN-B
na parte longa da curva e pequena posição comprada em ações voltadas para a
economia doméstica.
- Nos EUA, juros mais altos
estruturalmente, através de posições tomadas em Treasury na parte intermediária
da curva, via compra de puts.
- Com hedge, temos uma posição
comprada em JPY e vendida em AUD através de compra de puts de AUDJPY.
Na agenda do dia, destaque para o
Jobless Claims. Nas últimas semanas, o número tem se mantido nos patamares mais
baixos em cerca de 45 anos, apontando para um mercado de trabalho no pleno
emprego com o hiato do produto praticamente fechado.
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