Comentários sobre os eventos recentes.


Estive ausente do dia-a-dia da mesa nos últimos dias da semana passada, mas segue abaixo minhas impressões gerais:

Ainda estou com acesso limitado ao mercado, mas acho que alguns eventos recentes merece atenção:

Brasil - Os números de confiança, crescimento e emprego continuam surpreendendo negativamente. Neste estágio do ciclo eleitoral, começo a achar que dificilmente iremos ver uma recuperação mais robusta, até uma definição clara das eleições no último trimestre do ano.

Este pano de fundo, com um cenário externo mais nebuloso, torna os ativos locais, nos atuais níveis e com a atual posição técnica, com pouca atratividade de curto-prazo. Continuo com postura mais tática do que estratégica, com baixa alocação a risco Brasil.

Vale ressaltar que nos últimos dias vimos nos dados de contas externas uma situação ainda saudável, mas fortes fluxos de saída da conta portfólio, em renda fixa e renda variável, mostrando pouco interesse do investidor estrangeiro por Brasil. As contas públicas ficaram abaixo das expectativas, muito devido a questões pontuais. Contudo, a recente decepção do crescimento deverá afetar também a recuperação cíclica das contas públicas.

EUA - Continuo vendo um crescimento relativamente estável, em torno de 2,5%, com flutuações em torno desta tendência. As pressões inflacionárias continuaram se acumulando, como vimos hoje no Employment Cost Index. Não vejo motivos para o Fed alterar sua postura de normalização monetária. Continuo vendo uma alta da inflação como um risco com maior probabilidade do que uma desaceleração do crescimento. Continuo acreditando na alta estrutural dos juros no pais, em todos os vértices.

Vejo este pano de fundo como uma enorme restrição para o bom desempenho de ativos de risco nos próximos meses. Nas últimas semanas vimos uma mudança de tendência do dólar no mundo, com a posição técnica exacerbando os movimentos. O cenário econômico, o momentum, e a posição técnica parecem favorecer continuidade deste movimento de suporte ao dólar no curto-prazo.

Europa - Os dados de crescimento continuam surpreendendo negativamente. O ECB mostrou postura mais cautelosa em sua reunião. Hoje mesmo vimos surpresas negativas no PIB a França e Inglaterra. Por ora, ainda parece ser uma acomodação do crescimento, mas conforme o temo passa e as surpresas não são revertidas, corremos o risco de uma mudança mais significativa de cenário. A alta do EUR perdeu momentum e posição especulativa se mostra muita comprada na moeda, questões que precisam ser monitoradas.

China - As recentes surpresas de crescimento e sinais anedóticos, como a queda no preço do minério, levaram o PBoC a adotar postura mais expansionista, com queda do compulsório e outras medidas mais pontuais. O cenário base continua a ser de desaceleração gradual da economia, com o PBoC buscando suavizar os movimentos. O risco continuas a ser de uma desaceleração mais acentuada, sem que o PBoC seja capaz de administrar este movimento.

Mercados - No geral, ainda vemos os mercados em ranges. A bolsa dos EUA está no meio de uma queda de braço entre resultados micro positivos, mas restrições macro. O dólar mostra sinais de tendência altista, assim como os juros nos EUA. O Brasil vem sofrendo os efeitos de um cenário local e externo mais nebuloso.

Continuo buscando temas específicos de investimento, mas com alocação a risco mas baixa e postura mais tática. Acredito que o ano será mais oportunístico do que aplicativo. O primeiro trimestres mostrou que esta minha tese está correta.

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