Bolsas em alta, mas tendências ainda não estão bem definidas.


O destaque do dia ficou por conta da alta nas bolsas globais, puxadas pelos argumentos já apresentados neste fórum há alguns dias, tais como: a melhora no quadro técnico, os preços/valuations mais atrativos, uma temporada de resultados corporativos positivos e a redução de alguns “riscos de cauda” no curto-prazo.

De maneira geral, contudo, os mercados globais seguem sem tendências definidas, respeitando alguns “ranges” relativamente curtos e sem uma definição clara de temas de investimento. Este pano de fundo tem dificultado bastante a busca por “alpha” e por “beta” nos ativos de risco nas últimas 4 a 6 semenas. Ainda vejo um cenário relativamente sem visibilidade no curto-prazo, com a manutenção dos atuais “ranges” curtos e sem muitas tendências. Eventualmente, o cenário ficará mais claro e as tendências mais definidas. Enquanto isso, continuo optando por posições menores e por liquidez, afim de manter espaço de risco para eventuais oportunidades.

O Ibovespa conseguiu seguir a melhora externa após um breve período de desempenho pífio, em linha com o que escrevi neste fórum esta manhã (https://mercadosglobais.blogspot.com.br/2018/04/humor-mais-positivo-crescimento-da.html). O BRL tentou apresentar melhora mais expressiva, mas sua dinâmica mostra que ainda há espaço para desalavancagem e busca por hedges. O mercado de juros segue como destaque positivo, ancorado por uma política monetária frouxa e um cenário construtivo para a inflação (em meio a surpresas negativas de crescimento).

No ponto de vista econômico, nos EUA, os dados do mercado imobiliário e a produção industrial de março mostraram um crescimento relativamente estável e positivo, reduzindo os riscos de uma desaceleração mais acentuada da economia.

Na China, em uma decisão totalmente inesperada pelo mercado, o PBoC anunciou um corte de 100bps no compulsório de alguns bancos. A medida pode ser vistas de alguns ângulos. Primeiro, mostra que a desaceleração recente talvez seja mais acentuada do que os dados oficiais apontam. Segundo, que não há disposição do governo em deixar a economia desacelerar de maneira mais acentuada. Assim, por ora, vejo a medida como neutra já que, por um lado, mostra uma economia mais frágil, talvez já tendo passado pelo seu pico de crescimento. Por outro lado, contudo, “ajustes finos” serão feitos para evitar cenários mais catastróficos. Assim, o cenário continua a ser de uma desaceleração gradual da economia, mas o risco de um processo mais acentuado de piora continuará pairando ao longo dos próximos meses.

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