Alívio no Brasil, Inflação, Juros e Treasuries nos EUA.
Os eventos do dia apenas reforçam o
cenário base as minhas visões que venho descrevendo neste fórum. São eles:
Brasil – Dia de desempenho relativo mais positivo dos ativos locais,
especialmente após as declarações do presidente do BCB de que ainda vislumbra
um cenário de mais uma queda de 25bps na Taxa Selic e a manutenção do novo
patamar de juros por tempo indeterminado.
Além disso, Ilan sinalizou que o
estoque de swap cambial hoje é baixo e o instrumento existe para ajudar o BCB a
dar liquidez ao mercado.
As declarações de Ilan foram bem
recebidas pelo mercado, o que ajudou o melhor desempenho do BRL e um flattening
da curva de juros.
EUA/Inflação – O Core CPI ficou em linha com as expectativas, com alta de 0,2% MoM e
2,1% YoY. O número não mostra urgência para um processo mais acentuado de alta
de juros neste momento, mas confirma a necessidade de manutenção do processo de
normalização monetária. Pelos “inputs” dos Core CPI, o Core PCE deve atingir
1,9% YoY em março, muito próximo a meta do Fed.
EUA/FOMC Minutes - Na minha visão as
Minutas do FOMC são mais hawkish, pois apontam para, no mínimo, 3 altas de
juros este ano com um risco crescente de 4. O mercado precifica hoje apenas
cerca de 50bps de alta nos próximos 12 meses (vale lembrar que 1 alta de 25bps
já foi executada). As minutas mostram um comitê muito mais confortável com o
cenário de crescimento, mas, especialmente, com o retorno da inflação para a
meta.
Em comentário anterior
(mais cedo), grifei os pontos mais importantes em que há maioria a favor desta
visão (“many”, “several”, “most” e etc). O trecho mais importante das Minutas é
este: With regard to the medium-term
outlook for monetary policy, all participants saw some further firming of the
stance of monetary policy as likely to be warranted. Almost all participants
agreed that it remained appropriate to follow a gradual approach to raising the
target range for the federal funds rate. Several participants commented that
this gradual approach was most likely to be conducive to maintaining strong
labor market conditions and returning inflation to 2 percent on a sustained
basis without resulting in conditions that would eventually require an abrupt
policy tightening. A number of participants indicated that the stronger outlook
for economic activity, along with their increased confidence that inflation
would return to 2 percent over the medium term, implied that the appropriate
path for the federal funds rate over the next few years would likely be
slightly steeper than they had previously expected.
EUA/Leilão de Treasury – O “Reopening” do leilão de Treasury de 10yrs ficou abaixo das
expectativas do mercado, com um bid-to-cover abaixo da média (pouca demanda) e
com os dealers ficando com um percentual elevado da emissão, ou seja,
observamos pouca demanda de investidores estrangeiros, institucionais e afins.
Mercados – Os ativos de risco continuam sem tendência claras e definidas. Uma série
de ruídos ainda aflige os investidores no curto-prazo, sem que tenhamos uma
visibilidade muito clara da situação.
De maneira geral, continuo vendo um
cenário de crescimento global saudável, mas com acumulo de pressões inflacionárias
no mundo desenvolvido, especialmente nos EUA, principal econômica do mundo.
Soma-se a isso, o Fed deverá seguir sua política de normalização monetária, o
que pode, pela primeira vez em cerca de 10 anos, já estar afetando a dinâmica
dos ativos de risco, enquanto o mercado se mostra “distraído” com questões
pontuais menos relevantes ou pontuais.
Além disso, continuo vendo o preço de
várias classes de ativos pouco atrativas e uma posição técnica muito menos
saudável do que há alguns anos (ou meses) atrás.
Diante deste quadro, continuo
esperando um ambiente de alta volatilidade e incerteza, com tendências menos
definidas ou mais curtas. O ambiente é propício para posições táticas e não
estratégicas, além de posições relativas.
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