Brasil: Política em foco!


Os ativos no Brasil apresentaram ontem mais um dia de bom desempenho, mesmo com uma performance mais mista das bolsas nos EUA. Destaque para a forte alta do Ibovespa, flattening da curva de juros e queda do dólar.

Vejo alguns vetores que justificam estes movimentos. Primeiro, a estabilização do humor global a risco, que já vinha sendo apontada neste fórum desde o final da semana passada. 

Segundo, uma posição técnica mais construtiva e preços/valuations mais atrativos.

Finalmente, nos últimos dias, vimos a maior parte dos candidatos a presidente que se mostram competitivos fazerem acenos positivos ao mercado. De uma maneira ou de outra, Bolsonaro, Marina e Joaquim Barbosa estão adotando um discurso mais ao centro, liberal e reformista no tocante a economia, o que acaba dando algum conforto aos investidores.

Continuo acreditando que ainda falta muito tempo para as eleições e as incertezas devem permanecer elevadas por algum tempo. Como tenho afirmado aqui, de agora em diante, qualquer mudança no quadro eleitoral irá ter um impacto mais relevante sobre os preços dos ativos locais.

O mercado havia ficado muito otimista com o cenário desde a virada do ano ate meados de fevereiro. Depois, observamos um ajuste de posições até alguns dias atrás, com desanimo em relação às eleições e um cenário externo mais desafiador. Agora, estamos passando por mais um ajuste na direção positiva.

Eu tenho tentado manter uma posição mais focada no cenário econômico, mas com a intensão de defender o portfólio na eventualidade de mudanças bruscas de panorama. Assim, continuo vendo a parte longa da curva de juros reais como o ativo com bom potencial de apreciação [fechamento de taxa], mas com poder de defesa em cenário alternativos [devido aos níveis já elevados de taxas vis-à-vis as taxas curtas e o cenário econômico prospectivo].

No cenário externo, ainda vejo os mercados operando em "ranges". Os últimos dias foram marcados pela estabilização do humor global a risco, com a redução de alguns riscos de cauda, uma boa temporada de resultados corporativos nos EUA e o anuncio da redução do compulsório na China.

Não vejo esses vetores alterando de maneira estrutural a dinâmica que tem sido regra este ano. Acho que o bom desempenho de curto-prazo pode se sustentar mantido este ambiente, mas ainda vejo restrições de médio-prazo para o retorno de uma tendência realmente clara de apreciação e 
"risk-on".

Entre os riscos, vejo o processo de normalização monetária nas economias desenvolvidas, especialmente nos EUA, e a desaceleração da economia chinesa.

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