Ataque à Síria, Riscos no Brasil & desaceleração na China.
Síria – Na noite
de ontem, os EUA, em conjunto com a França e a Inglaterra, promoveram ataques
de mísseis contra alvos na Síria. Podemos dizer que, de certa forma, a medida
era esperada após os eventos recentes.
Para
o cenário geopolítico global, será importante entender a estratégia americana.
Se será apenas um ou poucos ataques localizados, ou um processo mais longo de
intervenção no país. Acredito que, por ora, a primeira opção ainda apresenta
maior probabilidade. Sem segundo lugar, será ainda mais relevante observar a
postura da Rússia neste caso. O risco, aqui, é de uma postura dura e que os
russos levem está questão específica na Síria a um problema muito maior de
relações diplomáticas e risco de um conflito armado mais amplo entre as duas
potencias.
Até a
abertura dos mercados no domingo à noite deveremos ter uma sensação mais clara
dessa situação. Por ora, esperaria um pequeno movimento de “risk-off” no
curto-prazo, cuja magnitude e duração dependerão da estratégia dos EUA e da
resposta da Rússia. O movimento mais óbvio e que pode ser mais duradouro seria
uma alta do Ouro e do Petróleo.
Brasil – Os ativos
no Brasil continuam apresentando desempenho nominal e relativo bastante pífio.
Ontem vimos mais uma depreciação cambial, nova queda da bolsa e steepening da
curva de juros. Além da desalavancagem de posição diante das incertezas da
eleição, que já comentei neste fórum há algumas semanas, em meio a um cenário
externo mais nebuloso, agora estamos convivendo com dados de atividade
econômica mais fracos.
Nos
últimos dias, vimos as vendas no varejo mais fracas e a mesma dinâmica para o
setor de serviços, que levou a uma nova rodada de revisões baixistas do PIB.
Além disso, os ativos do Brasil, especialmente o BRL, estão sendo vistos, cada
vez mais, como uma opção barata de hedge para alguns portfólios globais.
Eu
não acredito que a situação do país fosse tão boa como se chegou a pensar (e
precificar nos ativos locais) no início do ano, mas também não vejo uma mudança
substancial de cenário nas últimas semanas. Entendo e tendo a concordar com a
postura do mercado de reduzir risco em meio as incertezas externas e eleitorais.
Diante de um cenário mais turvo, acredito que iremos conviver com mais
volatilidade, menos tendências e movimentos mais curtos, o que demandam postura
tática e/ou posições relativas e temas muito específicos de investimentos.
China – Os dados
de exportação da China em março ficaram muito abaixo das expectativas, como já
havia comentado aqui na manhã de ontem. Contudo, o Ano Novo Lunar pode ainda
estar afetando este indicador.
Os
dados de agregados monetários e empréstimos, divulgados na manhã de ontem,
contudo, apontaram na mesma direção de desaceleração da economia, com queda do
M2 (e demais agregados) além de empréstimos (“on” e “off” balance sheet) abaixo
das expectativas. Tudo indica que o Governo e o PBoC estão satisfeitos com o
atual nível de crescimento da economia e estão adotando uma postura
contra-cíclica de ajuste e desalavancagem.
Minha
tese inicial de que veremos uma desaceleração gradual da economia de agora em
diante, uma vez o “novo” governo chinês perpetuado no cargo continua válida e
reforçada pelos dados econômicos. Uma desaceleração me parece encomendada. Por ora,
a expectativa é que a desaceleração seja gradual, mas sempre existe o risco de
um erro de política no meio do caminho (que deveria ser prontamente revertido
pelo Governo e PBoC) ou um receio maior do mercado em relação ao real estágio
de desaceleração por parte do mercado.
Em
suma, ainda vejo um cenário base de desaceleração gradual, mas com riscos de
erros no meio do caminho. Vejo que neste cenário aumenta o risco de que, em
algum momento, os ativos de risco passem novamente por um “china fear”, ou medo
de desaceleração mais acentuada do país afetando os ativos mais dependentes da
demanda chinesa.
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