Fragilidade do mercado local. Estabilização do mercado externo.
Brasil – Os indicadores de crescimento
continuam surpreendendo negativamente. O IBC-Br divulgado hoje – uma espécie de
PIB mensal coletado pelo BCB – apresentou alta de pífios 0,09% MoM e 0,66% YoY
em fevereiro, abaixo das expectativas de 0,80% YoY. Nas últimas semanas, vimos
as expectativas de crescimento arrefeceram de algo superior a 3% para algo
inferior a 3%, mais próximo de 2,5% (em termos de crescimento do PIB em 2018).
De maneira geral, ainda acredito que estamos passando por um momento de
acomodação, mas a recuperação gradual da economia continua. Talvez o cenário
não seja tão positivo como se imaginou no final de 2017 e início de 2018, mas
também não tão negativo como agora.
Para os ativos locais está decepção de crescimento, somada a incerteza
eleitoral (já comentado aqui: https://mercadosglobais.blogspot.com.br/2018/04/eleicoes-brasil-situacao-na-siria-e.html) estão ajudando o movimento de queda da bolsa, alta do dólar e
“steepening” da curva de juros.
Hoje, em especial, o movimento pareceu bastante técnico, com a bolsa em
forte queda pelo segundo dia consecutivo, o mercado de juros apresentando
fechamento de taxa relevante e o dólar praticamente estável, porém ainda em
patamar elevado, acima de 3,40. Infelizmente,
por ora, não vejo nenhuma das incertezas locais se dissipando. Ainda espero um
ambiente de maior volatilidade e mais incerteza, com o quadro técnico, por
vezes, dominando a dinâmica. A principal tese de investimentos continua a ser
juros mais baixos por mais tempo, através de posições aplicadas (compradas) na
parte longa da curva de NTNB (juros reais).
EUA – As vendas no varejo de março ficaram
dentro das expectativas do mercado, confirmando um primeiro trimestre
relativamente fraco da economia. Nos últimos anos, por questões sazonais, muito
devido ao clima/temperatura, o primeiro trimestre do ano costuma apresentar
crescimento abaixo das expectativas e se mostrar o trimestre mais fraco do ano.
Tudo indica que este ano este mesmo efeito será sentido.
Como comentado no final de semana, a ausência de deterioração da
situação na Síria ajudou a dar um tom mais calmo aos ativos de risco ao redor
do mundo, mais explícito através da alta das bolsas e queda das volatilidades
implícitas. A boa temporada de resultados corporativos também está ajudando a
colocar um suporte nos ativos de risco.
Vejo um curto-prazo um pouco mais
construtivo, com a dissipação de alguns riscos de cauda e o suporte de um
quadro técnico mais saudável e níveis de preço/valuations mais atrativos. A
médio e longo-prazo ainda vejo os ativos de risco sustentando algumas bandas
(como por exemplo o S&P entre 2.550 e 2.800). Os principais riscos que
estou monitorando continuam a ser a necessidade de um aperto monetário mais
agressivo nos EUA e uma eventual desaceleração maior da economia da China (como
comentei no detalhe do link acima). A principal tese de investimento externo
continua a ser juros mais altos, através de posições tomadas em Treasury (por
questões econômicas, técnicas e fluxos).
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