Petróleo, Juros Globais e Equipe Econômica

O dia foi marcado pela intensificação da queda no preço do Petróleo, após a OPEP anunciar que não pretende cortar sua produção nos próximos meses. A queda acabou deixando as demais commodities sobre pressão ao longo do dia, afetando outras classes de ativos ligadas ao mesmo setor (no Brasil, o mais claro foi a queda da Petrobrás). Com feriado nos EUA, o mercado de moedas não mostrou grandes movimentações. As bolsas da Europa seguiram tendência de alta, com os bonds da região fortemente “bidados” na expectativa de novas medidas de estímulo por parte do ECB na semana que vem.

Amanhã, a agenda nos reservar PIB no Brasil e dados fiscais, enquanto no cenário externo o destaque ficará por conta do CPI na Europa.

Brasil - Joaquim Levy deu declarações extremamente ortodoxas para o programa fiscal que pretendem implementar nos próximos anos. O ajuste deve ser gradual, com o ano de 2015 ainda comprometido (falou em superávit primário de 1,2% do PIB segundo conceito utilizado pelo BCB), mas com os anos de 2016 e 2017 já aptos a atingirem os objetivos de longo-prazo de estabilização e declínio da dívida/PIB (com superávit primário de, pelo menos, 2% do PIB). O mercado parece disposto a dar o benefício da dúvida a está nova equipe, especialmente nos atuais patamares de preço dos ativos locais. Tombini, por sua vez, mostrou tranquilidade com o tamanho do estoque de swap cambiais, já que representa “apenas” 30% das reservas e com ajustes em BRL. Afirmou que o programa foi bem sucedido por atender uma demanda temporária pelo moeda americana. Deu a entender que pretende “pilotar” as rolagens de acordo com o nível da moeda em cada momento do tempo. Se a demanda por USD cessar, parece haver espaço para que o programa seja encerrado no final do ano. Reitero que o cenário para o BRL irá depender do ambiento global para o USD, e do que o BCB pretende fazer com os swaps cambiais. A bolsa não pode ser olhada como um play macro Brasil, já que o setor de commodities tem peso relevante no índice. Assim, a análise micro deverá ter importância relevante na montagem de qualquer portfolio. Finalmente, a curva de juros, especialmente os vértices mais longos, me parecem mais livres para precificar qualquer melhora macro local, especialmente em um ambiente de juros e inflação baixas ao redor do mundo desenvolvido (vide abaixo).


Externo - As curvas longas de juros dos principais países emergentes e desenvolvidos estão nos lows recentes (ou perto deles). O cenário que tem se desenhado é um cenário de baixa inflação no mundo. Os BC’s das principais economias do mundo começam a se preocupar com a queda recente nas expectativas de inflação, especialmente nos países desenvolvidos. Para deixar a situação ainda mais delicada, as commodities parecem ter entrado em uma clara tendência de queda. Finalmente, a despeito de eu ainda não ver motivo para preocupações maiores, a economia americana mostra sinais de desaceleração no último trimestre do ano, se aliando a um crescimento baixo por parte de Europa, Japão e China.

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