Mercados lenientes?

Os ativos de risco vêm mantendo as tendêncisa recentes durante esta sexta-feira, mas sem movimentos acentuados até o momento. O USD opera em leve alta, assim como as principais bolsas globais. As commodities, caem com os bonds dos países desenvolvidos relativamente estáveis.

A agenda do dia será mais agitada, com PIB e CPI na Área do Euro e vendas no varejo no Brasil e nos EUA.

A despeito da aparente tranquilidade dos ativos de risco nos últimos dias, algumas tendências me chamam a atenção. Em primeiro lugar, a rápida e acentuada queda no preço do petróleo parece não ter chegado ao fim. Neste momento, me parece difícil afirmar que este movimento é fruto de excesso de oferta, baixa demanda, ou ambos. A velocidade da queda começa a chamar a atenção e não podemos descartar que gere contágio as demais commodities ou, até mesmo, a outras classes de ativos.

Em segundo lugar, os ativos europeus e, em especial, as bolsas locais, começaram a dar sinais de fragilidade nos últimos dias. Acho que elas merecem atenção especial até que sinais mais claros de estabilização apareçam.

Finalmente, vejo os ativos de risco excessivamente lenientes em um cenário de aumento do risco econômico e político na Rússia, uma clara tendência de menor crescimento na China e, isto tudo, em um ambiente onde o QE não está mais presente nos EUA, com o Fed mantendo o seu “plano de voo” de normalização monetária.

Não acredito que estes sejam motivos para pânico, mas acredito que os mercados podem, em algum momento, pedir mais prêmio de risco a algumas classes de ativos.

Brasil – Na ausência de avanços no tocante a estruturação do novo ministério para o segundo mandato de Dilma os ativos locais seguem sobre forte pressão. O foco continuará em torno do nome a comandar o ministério da fazenda. No meu ponto de vista, os ativos locais já apresentam prêmios relevantes, o que pode acabar tornando o price-action ainda mais volátil no curto-prazo. Contudo, mantenho minha visão de que o governo continua fazendo o mínimo possível para enfrentar os desafios da economia, muitas vezes fazendo “conta de chegada” ao invés de encarar os problemas de frente (como foi o caso do reajuste da gasolina). Caso o anúncio do ministro da fazenda não atenda as exigências de um nome sério, respeitado e independente, acredito que podemos continuar nesta espiral econômica negativa, que acabará sendo rapidamente precificada pelos mercados locais. 

Europa – O foco do dia ficará por conta do PIB e do CPI na Área do Euro. Os PIBs individuais de França e Alemanha ficaram levemente acima das expectativas, mas insuficientes para alterar o cenário ainda extremamente desafiador para o crescimento da região.

China – Os dados de crédito de outubro ficaram bem abaixo das expectativas do mercado. New Loans subiram $548b, abaixo das expectativas de $626b. Aggregate Financiang apresentou alta de $663b, muito abaixo das expectativas de $887b, enquanto o M2 saiu de 12.9% YoY para 12.6% YoY, abaixo das expectativas de estabilidade e, 12.9% YoY. Os números confiram o que os dados de atividade já haviam mostrado ontem, ou seja, uma economia fragilizada, sem sinais consistentes de estabilização. Podemos esperar novas medidas de estímulo ao crescimento no curto-prazo, mas precisamos nos conformar com um menor crescimento estrutural do país de agora em diante.


EUA – O Jobless Claim e o JOLTs, ambos divulgados ontem, mostraram um mercado de trabalho robusto, cuja tendência de recuperação continua intacta. Neste ambiente, o Fed deverá dar seguimento a seu processo de normalização monetária no país.

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