Brasil: Operação Lava Jato

Os jornais de hoje estão dando total foco a nova fase da Operação “Lava Jato” da Polícia Federal, que ontem prendeu diretores e presidentes das principais construtoras e empreitas do país, além de possíveis lobistas e ex-diretores da Petrobras.

A ação adiciona uma pitada a mais de complexidade para o cenário político local, que já vinha se mostrando extremamente desafiador para o novo mandato de Dilma Rousseff na presidência do país.

Do ponto de vista político e econômico, desenha-se um cenário extremamente complexo, onde a governabilidade do país está claramente ameaçada. Acredito que, a luz dos mercados financeiros locais, existe duas maneiras de lermos este novo vetor:

Cenário 1 – A situação econômica do país é desoladora. Adicionado a um potencial “ingovernabilidade” do país, temos uma “tempestade perfeita” para os ativos locais. A economia não terá condições de crescimento, a inflação alta dificilmente recuará, e o financiamento externo para o país se tornará escasso. Sem contar a situação precária das contas públicas. Neste cenário, poderíamos ter uma fuga de capitais e uma nova rodada de depreciação dos ativos locais, talvez mais rápida e acentuada do que aquela verificada até o momento.

Cenário 2 – Contudo, existe uma segunda leitura possível para a atual conjuntura, que talvez possa acabar ajudando a dar algum suporte a economia local e aos ativos brasileiros. Pressionada por uma economia frágil, e agora diante de um problema político gigante, Dilma pode ser levada a adotar uma postura mais ortodoxa, indicando um Ministro da Fazenda respeitado, independente e capaz de enfrentar os problemas da economia de maneira inidônea e sem intervenção política. Neste caso, e após uma deterioração relevante dos ativos locais nos últimos dias, poderíamos ter um melhora, pelo menos temporária, dos ativos brasileiros. O mercado estaria disposto a dar o beneficio da dúvida a um Ministro da Fazenda com estas características, como o nome de Henrique Meirelles, que vem sendo ventilado na mídia.

Em suma, os fundamentos econômicos irão continuar mostrando uma economia fragilizada nos próximos meses. O CAGED ontem, que mostrou a encerramento de cerca de 30 mil vagas de trabalho, foi apenas mais um exemplo degradante de nossa economia. O quadro político complexo só tende a piorar o ambiente. Assim, não vislumbro uma melhora consistente do quadro político e econômico para o Brasil nos próximos meses, o que deveria manter os ativos locais sobre pressão. Contudo, a indicação do Ministro da Fazenda continua sendo um vetor fundamental para o mercado desenhar, de maneira mais clara, quais são as reais intenções de Dilma neste segundo mandato. Um nome de respeito e independência, como o de Henrique Meirelles, pode ser uma forma de Dilma “comprar tempo” diante dos enormes desafios, econômicos e políticos, a sua frente. Caso Dilma não se renda a um nome a esta altura, contudo, podemos ter uma aceleração do “sell-off” dos ativos locais, colocando o país diante de uma crise não vista a mais de uma década.

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