China

O destaque do final de semana ficou por conta da surpresa negativa no PMI Manufacturing oficial na China, que caiu de 51.1 para 50.8 pontos em outubro, abaixo das expectativas de 51.2 pontos. A abertura do indicador mostra uma queda relativamente disseminada entre os seus principais grupos. A economia chinesa ainda mostra sinais evidentes de fraqueza, e uma enorme dificuldade em apresentar uma estabilização mais persistente, mesmo após as diversas medidas de estímulo ao crescimento colocadas em pratica pelo governo nos últimos meses. Como temos enfatizado já há algum tempo, o mundo precisará se ajustar a um menor crescimento estrutural do país de agora em diante. O menor crescimento que estamos observando ao longo deste ano me parece estrutural, e não cíclico, e os ativos que dependem da demanda chinesa precisam continuar a se ajustar a este novo cenário. Acredito que o governo chinês irá continuar a colocar em pratica medidas adicionais de suporte a economia, que devem ser suficientes para evitar uma espiral negativa mais acentuada, mas não alterar o quadro estrutural de um menor crescimento da economia no longo-prazo.

A semana trará uma agenda relevante de indicadores de crescimento ao redor do mundo, com destaque para os PMI´s nas principais economias mundias, além da reunião do ECB na Europa e os dados de emprego de novembro nos EUA na sexta-feira.

Com o encerramento do QE nos EUA, o mundo ficará mais dependente das medidas provenientes da Europa (ECB), Japão (BoJ) e China (PBoC). Não acredito que as medidas destes 3 bancos centrais sejam capazes de superar o encerramento do QE nos EUA, mas certamente serão vetores de sustentação que irão ajudar a tornar este processo mais suave. Continuo vendo o USD como o maior beneficiário deste ambiente, com um cenário relativamente negativo para as commodities, porém misto para os mercados de bonds e bolsas globais. Os fundamentos específicos de cada país, região e classe de ativos será cada vez mais importante na alocação a risco de um portfólio.

Brasil – Ajudado por um cenário externo mais positivo, pelo aumento de juros promovido pelo BCB na semana passada e pelos sinais emitidos/ventilados na mídia em torno do novo ministro da fazenda, os ativos locais continuam dando o benefício da dúvida ao segundo mandato de Dilma. Após números fiscais pavorosos divulgados na sexta-feira, acredito que essa “lua de mel” poderá ser interrompida caso o novo ministro da fazenda não atenda as demandas da sociedade e do mercado, ou seja, um nome com legitimidade, independência e respeito. Apenas neste caso os ativos locais serão capazes de superar o cenário econômico extremamente negativo que se estabeleceu na economia brasileira. Os ajustes necessários são urgentes, de difícil implementação e com efeitos colaterais negativos a economia, especialmente do ponto de vista político, após um embate eleitoral extremamente danoso a imagem do governo.

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