Desaceleração da economia americana?
A quarta-feira
trouxe uma sequencia de dados econômicos mais fracos nos EUA (detalhes abaixo),
além de uma nova rodada de pressão sobre as commodities, lideradas pelo
Petróleo, Minério de Ferro e Cobre. Além de um problema de sobre oferta (no
caso do Petróleo, a OPEP parece não ter acordado um corte de produção), os
sinais de menor crescimento estrutural da China parecem estar, gradualmente,
sendo precificados nesta classe de ativos. Ainda acho que este será um prolongado
e gradual. Não há motivo, pelo menos ainda, para pânico. Uma aceleração deste processo de queda no preço
das commodities irá me deixar mais preocupado, já que terá efeitos negativos
sobre outras classes de ativos. O Brasil, por ser um grande exportador de
commodities, não ficará imune neste ambiente.
Com um
feriado nos EUA nos próximos dias, a liquidez dos mercados financeiros globais
ficará prejudicada. Me atrevo a dizer que, movimentos rápidos e acentuados,
caso ocorram, devam ser desconsiderados do ponto de vista de sinalização de
posicionamento. Fluxos pontuais podem acabar tornando o price-action errático.
Os próximos dois dias serão importantes
para a agenda na Europa, com números de inflação que podem ditar a postura do
ECB em sua reunião agendada para semana que vem.
Brasil – Os ativos
locais tiveram um desempenho interessante nesta quarta-feira. Enquanto o câmbio
e a curva de juros mostraram reação clássica as sinalizações ortodoxas do governo,
a bolsa foi claramente afetada pelo cenário externo, com os setores de
commodities (Vale, CSN, Usiminas, Gerdau) e uma leve realização nos bancos pressionando
o Ibovespa. A curva de juros apresentou mais um forte movimento de flattening, stopando posições de steepening, em reação a um BCB com
discurso mais duro e uma expectativa de fiscal mais apertado. O BRL, por sua
vez, seguiu seu movimento de apreciação. Acredito que os ativos locais estejam no meio de um grande
processo de ajuste de posições, basicamente em reação as últimas sinalizações
do novo governo. Passado este processo, acredito que o BRL ficará mais susceptível
ao cenário externo (menor crescimento chinês, commodities em queda,
normalização monetária nos EUA) e aos fundamentos locais (déficit de USD$85 em
12 meses na conta-corrente). A curva curta de juros seguirá os movimentos do
BCB, com a parte longa sendo mais afetada pelos fluxos externos e o ajuste
fiscal que será implementado. Finalmente, na bolsa, o micro deve seguir dando o
tom.
EUA – A bateria de
dados divulgados hoje surpreenderam negativamente as expectativas do mercado.
Ainda acho cedo para preocupações maiores em torno do crescimento americano.
Após dois trimestres de crescimento médio de 4%, acho natural uma desaceleração
da economia no último trimestre do ano. A velocidade deste ajuste que será
essencial para medirmos a disposição do Fed em manter seu processo de normalização
monetária.
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