Ata do Copom, ECB & EUA
A percepção de um ECB dovish (mais detalhes abaixo), com dados
saudáveis da economia americana, fizeram os ativos de risco acentuarem as tendências
recentes. Observamos mais uma rodada de fortalecimento do USD no mundo, com as
bolsas, em geral, bem suportadas. A despeito do fechamento de taxa dos bonds
da periferia da Europa, observamos uma abertura de taxa de juros nos EUA e na
Alemanha.
Me chama a atenção o fato da percepção
de um BoJ e um ECB mais agressivos não estar ocupando o espaço deixado pelo
Fed. As medidas que vem sendo adotadas por estes BC’s está gerando um movimento
global de apreciação do USD, e não mais uma busca global por yields, que no passado acabava
favorecendo ativos emergentes e ativos high
yields em geral. A reação do mercado me parece mais um sinal de que estes
movimentos podem acabar se mostrando mais estruturais do que cíclicos, salvo
realizações pontuais. O diferencial de crescimento e política monetária ao
redor do mundo se mostra, assim, cada vez mais relevante para a performance dos
ativos de risco.
Brasil
– A Ata do Copom adotou um tom lacônico no
tocante a qualquer tipo de sinalização em torno do “plano de voo” do BCB. Tombini
e cia. optaram por não dar pistas do ciclo de alta de juros que vislumbram ser
necessário para controlar a inflação. Assim, optaram por manter a flexibilidade
de ajustar seu “plano de voo” de acordo com as variáveis e obstáculos que tem a
frente. O câmbio, e o potencial ajuste fiscal que será implementado, serão
vetores extremamente importantes nessa equação. Os ativos locais tiveram uma quinta-feira
de “risk-off” clássico. A postura do
novo governo em adiar decisões urgentes para a economia, como o nome do
ministro da fazenda e uma alta no preço dos combustíveis, estão sendo vistos como
sinais de que não há nenhuma mudança neste novo governo. Como comentei hoje
cedo, “a
indefinição em pontos essenciais da economia, após os primeiros sinais de que
poderia estar caminhando na direção correta, pode acabar levando o mercado a
pressionar o novo governo a tomar decisões mais rápidas e incisivas. A postura
de Dilma vem mostrando, por hora, que ela ainda reluta em adotar um tom mais
ortodoxo, o que pode acabar dificultando a implementação dos ajustes
econômicos, que são cada vez mais urgentes.” Na atual conjuntura, apenas um
nome a altura de Meireles e Trabuco, será capaz de trazer algum alento ao
mercado. O discurso de Dilma no final desta quinta-feira mostra que o cenário
base continua sendo de que o segundo mandato de Dilma deve ser uma continuidade
de seu primeiro mandato, apenas com ajustes pontuais e cosméticos.
Europa – Draghi conseguiu
não apenas adotar um tom dovish, como
surpreender as expectativas já elevadas do mercado. O ECB mostrou, mais uma
vez, que tem os instrumentos necessários para estabilizar o cenário deflacionário
na região, e está disposto a utiliza-los, caso o cenário prospectivo não mostre
uma melhora evidente nos próximos meses. Draghi mantem, assim, um cenário
negativo para o EUR e positivo para as bolsas e bonds europeus.
EUA – O Jobless Claims se manteve em patamar
baixo, nos menores níveis desde 2006-2007. Os dados de emprego continuam apontando
para um redução continua do “slack”
no mercado de trabalho. Os dados de “Productivity”
e “Labor Cost” mostram uma economia
em que a produtividade já não é grande como no passado, o que tem gerado uma
alta gradual, mas consistente, dos custos do trabalho. Os dados de crescimento
e emprego nos EUA devem manter o “plano de voo” do Fed inalterado. O processo
de normalização monetária está em curso e deve continuar nos próximos meses. O
próximo passo será o começo de um ajuste nas taxas locais de juros.
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