China & Commodities

Os ativos de risco começam a mostrar sinais de acomodação as vésperas do feriado nos EUA. A liquidez deve se tornar mais escassa nos próximos dias, mantendo os ativos de risco a mercê de fluxos pontuais e ajustes de posições de final de mês.

China - O que me chama mais a atenção, como comentei pela manhã, é a reação negativa das commodities e dos ativos que dependem da demanda chinesa (AUD e NZD, em especial) ao anuncio de queda de juros da China. Esta tendência se intensificou ao longo do dia de hoje, com o Petróleo, Cobre, AUD e NZD sobre forte pressão. Esta trajetória encaixa na nossa visão de que a China irá apresentar um crescimento estruturalmente mais baixo no longo-prazo. O menor crescimento que estamos verificando nos últimos anos não é cíclico, mas estrutural. Medidas pontuais e localizadas de suporte ao crescimento podem, e devem, ser colocadas em prática. O objetivo, contudo, é evitar uma espiral ainda mais negativa da economia. Dificilmente veremos uma aceleração rápida e acentuada da economia. Exceto por melhoras pontuais dos ativos que dependem da demanda chinesa, a tendência de longo-prazo ainda me parece ser do mercado precificar um menor crescimento chinês ao longo do tempo. Ainda não há motivo para pânico, a despeito de problemas localizados nos mercados imobiliários e de crédito, mas a tendência parece cada vez mais clara e consolidada.

EUA – Os dados recentes sugerem que a economia americana continua rondando um crescimento superior a 3%. O PIB do 3Q foi revisado para 3.9%, após alta de 4.6% no 2Q. A Confiança do Consumidor apresentou queda em novembro, saindo de 94.1 para 88.7 pontos, abaixo das expectativas de 96.0, mas ainda em patamar saudável e robusto. É natural esperar uma desaceleração do crescimento neste último trimestre do ano. Faz parte dos ciclos econômicos. Contudo, com um ambiente de melhora continua do mercado de trabalho, e com um “efeito renda” da queda no preço do petróleo, tudo indica que o crescimento de 3% pode ser sustentável ao longo de 2015.


Brasil – Olhando de hoje parece certo de Joaquim Levy será anunciado como Ministro da Fazenda. Espero um discurso “afinado” dele e de sua equipe. Um ajuste fiscal crível, mas gradual, deve ser anunciado nos primeiros dias de novo comando. Os ativos locais já parecem precificar cerca de 80% deste cenário, mas podem ficar bem suportados no curto-prazo. Passado o período inicial de ajuste de posições, espero que o cenário macro global volte a fazer preço de maneira mais incisiva no BRL. A curva de juros deve sofrer os efeito da política monetária local, onde uma aceleração do ciclo de alta de juros parece cada vez mais óbvio (especialmente com a Coleta IPCA rodando acima de 0.90%). Na bolsa, a analise micro e o cenário externo deveriam voltar a dar o tom.

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