Daily News – Risk-off: Guerra Comercial, Fed e Crescimento.
Os ativos de risco estão dando continuidade ao
movimento de “risk-off”, clássico e generalizado, que se iniciou após a decisão
do Fed e foi acentuado pelo anuncio de que os EUA iriam impor mais 10% de
tarifas adicionas em cerca de US$300bi de importações chinesas.
Estamos em meio a um cenário de crescimento global fragilizado
e que ainda parece em desaceleração, como pudemos ver ontem com o PMI Global
abaixo de 50 pontos por mais um mês e mostrando queda adicional.
Segundo, o mercado acredita que o Fed possa ter
cometido um erro de política monetária ao não sinalizar para um ciclo de corte
de juros mais amplo e extenso.
Terceiro, a Guerra Comercial entre EUA e China parece
estar longe de uma solução concreta.
Isso tudo ocorre em um pano de fundo de preços “esticados”,
risco/retornos ruins, posição técnica comprometida e perspectivas de queda de
lucros. Me parece a receita para um período de maior volatilidade, incerteza e
eventuais correções mais acentuadas. Sigo bastante preocupado e com viés
negativo para o cenário e os ativos internacionais, como tenho insistido neste fórum
há alguns meses, mesmo diante de um mercado que parecia sólido.
Pela primeira vez em muito tempo (sem contar com a
queda dos futuros esta manhã), o S&P500 teve duas quedas consecutivas:
Os juros de 10 anos na Alemanha atingiram o antes
inimaginável patamar de -0,42%:
No Brasil, destaque para o
forte lucro da Petrobrás divulgado na noite de ontem.
A Produção Industrial, divulgada
na manhã de ontem, mostrou mais um mês de queda em junho e ficou abaixo das expectativas
do mercado. O crescimento do país segue em situação de fragilidade e sem sinais
concretos de recuperação. A abertura do indicador foi pouco animadora em sua
análise qualitativa.
Nos mercados locais, vimos mais
uma recuperação das “small caps” e cíclica locais em detrimento as “large caps”,
“blue chips” e cíclicas globais. Espero continuidade estrutural deste movimento,
mesmo que tenhamos momentos pontuais de acomodação. Hoje, o resultado da Petrobrás
pode ajudar o Ibovespa mesmo diante de um externo ruim.
No mercado de juros, o dia foi de “steepening”
da curva, com o mercado digerindo a decisão do Copom de quarta-feira. No
câmbio, mais um dia de dólar forte, com a tendência global e o menor carrego da
moeda com os sinais emitidos pelo BCB.
Sigo bastante otimista com o
Brasil e preferindo bolsa local, em alguns setores e gestores específicos. Acho
que o câmbio permanecerá em um grande “range”, sem direção clara em termos
estruturais. Não gosto do risco/retorno da parte intermediária e curta da curva
local. Anda vejo algum valor na parte longa, mas já não é mais meu ativo predileto
como era até 1-2 meses atrás.
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