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Passei a quinta e sexta-feira reunido com alguns consultores institucionais e alguns asset managers locais. A visão geral e de que existe um amplo espaço para a alocações desses investidores em “risco Brasil” ao longo dos próximos meses.

As políticas de investimento (PI) dos planos de previdência estão sendo refeitas neste período do ano. Após um forte corte em posições em renda variável e em inflação (NTNB), vejo uma clara migração para PIs mais agressivas de 2017 em diante.

Vamos a um breve resumo do que ocorreu em termos de cenário e mercados nos últimos dias.

Brasil – A PEC do Teto do Gastos passou na comissão especial, como era amplamente esperado. Não ocorreram mudanças relevantes em seu texto base. A PEC irá a plenário no começo da próxima semana. Sua aprovação será a primeira grande mudança institucional ocorrida no país em várias décadas. O avanço das reformas fiscais é um vetor fundamental para o Copom dar início ao processo de queda da taxa Selic.

O IPCA de setembro apresentou alta de 0,08%, muito abaixo das expectativas do mercado. Seu qualitativo também foi positivo, com recuo dos núcleos e dos índices de difusão. A inflação de serviços continua elevada, mas já há uma tendência gradual de desaceleração.

Acredito que os eventos recentes reforçam o cenário de queda de juros no Copom de outubro. Mantenho minha expectativa de queda de 50bps, com risco do primeiro movimento ser de 25bps. Na minha visão, o BCB deverá cair os juros, mas manter um discurso de cautela, para o mercado não “embarcar” em um ciclo extremamente agressivo, ou começar a precificar quedas de 75bps ou 100bps em reuniões únicas. Assim, seu discurso deverá ser de que cada reunião é uma reunião diferente, em que qualquer decisão poderá ser tomada, como já sinalizou Ilan na CAE do Senado.

O mercado já precifica cerca de 380bps de corte de juros. Nos atuais níveis, gosto das NTNBs mais longas e de opcionalidades para a queda de 50bps no próximo opom.

Vejo um ambiente bastante positivo ainda para os fluxos de curto-prazo para o país, Não é a toa, assim, que o BRL tem mostrado desempenho muito superior a seus pares nos últimos dias. Vejo a moeda como um play de carrego, mas espero uma mudança de patamar dos ranges recentes nos próximos meses, saindo dos atuais 3,2-3,3 para, talvez, 3,0-3,15.

EUA – A economia do país apresenta um cenário de “Not Too Hot, Not Too Cold”, ou seja, a economia cresce pouco, mas sem risco de recessão. O mercado de trabalho continua robusto, mas sem risco de pressões inflacionárias de curto-prazo.

Neste ambiente, o Fed poderá ser paciente no processo de elevação da taxa de juros, desenvolvendo um cenário ainda construtivo para ativos de carry/yield.

Europa – As minutas da última reunião do ECB mostraram que o comitê ainda está distante de retirar suas medidas de expansão da política monetária, como foi ventilado na mídia.

Na Inglaterra, o mercado foi vitima de mais um “flash crash”, desta vez na GBP, durante os mercados asiáticos. Estes movimentos têm sido cada vez mais comuns, como já vimos na Treasury e no CHF nos últimos 2 anos. A mudança na estrutura dos mercados após a crise, e o avanço dos fundos quantitativos podem ser vistos como vetores fundamentais para estes movimentos. Isso deverá ser cada vez mais comum. Por ora, o problema se manteve pontual e localizado.

Taxas de Juros DM – Nas últimas semanas, ganhou corpo a visão de que a política monetária no mundo desenvolvido está se tornando menos potente, e a política fiscal deverá ganhar maior espaço de agora em diante.

Diante destes fatos, começamos a ver um movimento de abertura de taxas longas no mundo desenvolvido, com claro viés de steepening das curvas. 

Acredito que este cenário pode sim ser uma nova tendência. Não vejo os BCs desenvolvidos avançando ainda mais em suas políticas monetárias, assim como não há necessidade de retira-las abruptamente no curto-prazo.
 
Assim, enquanto o movimento de abertura de taxas longas for gradual, os ativos de risco devem se comportar relativamente bem. Caso os movimentos se tornem mais acentuados e desordenados, podemos ter períodos pontuais de risk-off. 

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