China de volta ao foco!

Os ativos de risco estão mantendo um tom mais negativo que tem sido regra ao longo desta semana. Além dos temas já discutidos aqui nos últimos dias (ZAR, Brexit, corporate earnings e etc) está noite, os fracos números de importação e exportação de setembro, divulgados na China acabaram dando ímpeto ao movimento negativo.

As exportações apresentaram queda 10% YoY, abaixo das expectativas de -3,3% YoY. As importações caíram 1,9% YoY, contra expectativas de alta de 0,6% YoY. É bem verdade que os números são incoerentes com os recentes sinais de estabilização da economia do país, e que um mês de fraqueza não, necessariamente, significa uma nova tendência de enfraquecimento da economia. Contudo, a estabilização do crescimento chinês sempre foi vista como frágil, e ao custo crescente de medidas de expansão monetária e de crédito. Assim, sinais como o de hoje devem ser tratados com extrema cautela pelos investidores.

Além disso, não podemos deixar de citar a tendência de depreciação das moedas asiáticas nas últimas semanas. A depreciação do JPY e do CNY (este superando os 6,70, que era visto como um patamar psicológico relevante) está gerando um movimento mais generalizado de depreciação das moedas da região (com alguns casos específicos mais acentuados, como na Tailândia) o que pode sinalizar, além de disposição dos policy makers chineses em depreciar suas moedas, sinais de que o crescimento da China, e de toda a Ásia, ainda demanda cautela.

As Minutas do FOMC divulgadas ontem nos EUA não trouxeram grandes novidades ao cenário. O Fed está muito próximo de dar mais um passo em seu processo de normalização monetária, com uma nova elevação nas taxas de juros. Contudo, o processo deverá ser lento e prolongado. O comitê apresentou uma divisão grande em relação ao timing da próxima elevação das taxas de juros, assim como opiniões divergentes em relação ao r* e a taxa neutra de desemprego.

No Brasil, a mídia permanece comemorando a aprovação da PEC 241, enquanto o governo já se organiza em torno da Reforma da Previdência.

Continuo com um viés mais cauteloso com o cenário externo no curto-prazo, mantendo espaço nos portfólios para elevar as alocações em ativos locais caso observarmos alguma realização de lucros nos próximos dias.

Mantenho minha visão central inalterada. Continuo bastante otimista com as perspectivas para o Brasil e seus ativos. Entendo, contudo, que o processo de apreciação será longo e não linear, com períodos pontuais de incerteza, especialmente externa. Me parece que estamos passando por mais um destes momentos.

Acredito que o portfólio deve manter exposições “compradas” em Brasil, com alguns hedgesexternos. A administração dos tamanhos e dos instrumentos irá depender do preço dos ativos e do cenário para cada uma das classes de ativos em cada momento do tempo. No curto-prazo, estou favorecendo as NTNBs mais longas, estruturas de opção de BRL (visando apreciação moderada da moeda até o final do ano) e opcionalidades visando uma queda de 50bps na próxima reunião do Copom. No âmbito externo, gosto de vendas de S&P e posições tomadas na Treasury 10yrs (todas posições que podem ser executadas na BM&F).

Acredito que, neste momento, devemos manter espaço nos portfólios para elevar as alocações em Brasil caso o mercado apresente alguma rodada de deterioração, sem que haja mudanças substanciais de cenário interno.

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