DB, Brexit, China e Eleições EUA.

Na sexta-feira, a situação do DB continuou no foco dos mercados financeiros globais. Um rumor de que o banco poderia fazer um acordo para pagar cerca de US$5,5 a US$6bi de multas ao Departamento de Justiça dos EUA (DoJ), ao invés dos cerca de US$14bi que estão sendo cobrados, ajudou a promover uma forte elevação das ações do DB, dando suporte aos ativos de risco.

Ao longo do final de semanas, estes valores e este acordo não foram, até o momento, confirmados. Alguns meios de comunicação, inclusive, dizem que as negociações nem começaram em torno deste tema. Além disso, a mídia alemã afirma que não existe apoio da população e no meio político para qualquer tipo de ajuda financeira pública para a instituição.

Acredito que os problemas do DB transcendem apenas o acordo junto ao DoJ em relação ao pagamento de reparações para os problemas ocorridos na crise de 2008. Na minha visão, existem saídas viáveis para a situação da instituição, mas acredito que podemos ter um período de maior incerteza e volatilidade em relação a esta questão no curto-prazo.

Alguns outros temas vieram a tona também neste final de semana.

Brexit – A Primeira Ministra da Inglaterra anunciou que pretende começar o processo de saída do país da União Europeia em março de 2017. Segundo a mídia local, as negociações iniciais iriam centra-se nas questões relacionadas a imigração e fronteiras. Este é um tema sensível, e que talvez não seja bem visto pelos mercados financeiros globais, que preferem um acordo mais rápido no tocante as relações financeiras e comerciais do país com a União Europeia. O Brexit pode voltar a ser um tema de mercado que estava em “banho Maria”.

China – Segundo um artigo da Bloomberg algumas cidades do país implementaram medidas para evitar uma nova rodada de apreciação (e o desenvolvimento de bolhas) no mercado imobiliário do país. Vejo as medidas como estruturalmente positivas, mas podem vir a reduzir o ritmo de crescimento do país.

Os policy makers chineses vêm adotando uma postura de “stop and go” em relação ao crescimento do país. Após um começo de ano de forte pressão baixista, optaram por frear as reformas estruturais, injetar crédito na economia e dar suporte ao mercado imobiliário. Nos últimos meses, o crescimento mostrou sinais de estabilização, o crédito apresentou forte expansão e o mercado imobiliário sofreu acentuada apreciação. Agora, demonstram maior conforto no tocante à situação da economia, e parece que irão tentar evitar o desenvolvimento de um cenário mais perigoso de alavancagem no mercado imobiliário e de crédito. Esta postura pode trazer algum arrefecimento do crescimento.

Segundo a Bloomberg: Local governments in seven Chinese cities tightened rules for home purchases over the past three days in a bid to damp resurgent demand and rein in excessive speculation. Authorities in those metropolitan areas introduced measures ranging from raising down-payment requirements for both first and second homes to ruling some potential buyers ineligible. Sichuan’s provincial capital Chengdu and Henan’s provincial capital Zhengzhou on Sunday banned people from buying a third property in some areas. Wuxi, a southern manufacturing base close to Shanghai, raised down-payment requirements for second homes to a minimum of 40 percent of the property’s value from 30 percent previously. Capital city Beijing on Friday increased down payments for first-time purchasers to a minimum of 35 percent of the selling price, the highest level among Chinese biggest cities. Adjacent Tianjin banned non-locals from buying second properties, while southern Suzhou said it would warn developers if prices were “notably” higher than costs plus a reasonable profit. And Shandong’s provincial capital, Jinan, increased down-payment requirements on first homes to 30 percent from 20 percent in select areas, and on second residences in those places to 40 percent from 30 percent, according to the official Xinhua News Agency.

EUA – As eleições americanas devem ganhar cada vez mais destaque ao longo dos próximos dias. A despeito da melhora nas perspectivas para Hillary após o primeiro debate, a situação ainda está indefinida, com as pesquisas apertadas. Novos debates podem vir a alterar este quadro.

Brasil – O mercado local de juros continua a ser o grande destaque positivo de desempenho entre as classes de ativos locais, ancorado pelo cenário de política monetária. Na sexta-feira, a situação não foi diferente, com o Ibovespa operando estável, o dólar em leve alta e mas com fechamento de taxa de juros.

Como sexta-feira foi final de mês e de trimestre, os fluxos de ajuste de posições e balanços podem ter afetado o desempenho do BRL. O cenário local continua positivo para a moeda, assim como as expectativas de fluxos, mas o desempenho tem se mostrado frustrante a posição técnica aparenta estar carregada. Vejo o BRL como um play de carrego, com o range de 3,0-3,3 devendo ser mantido no curto-prazo.


O mercado local de juros deve continuar mais defendido da volatilidade externa, devido a melhora nas perspectivas de inflação e do avanço das reformas econômicas. Contudo, nos atuais níveis, um ruído externo, ou a percepção de que o BCB não iniciará um ciclo de corte de juros em outubro (o que atribuo baixa probabilidade, exceto por uma desvalorização rápida e acentuada da moeda) pode vir a levar a uma realização de lucros neste mercado.

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