Juros Brasil e Eleições EUA.

Os ativos de risco estão abrindo a semana em tom positivo, após o segundo debate para presidente dos EUA mostrar mais uma vitória para Hillary Clinton, segundo pesquisas logo após o evento. O destaque desta manhã de segunda-feira, assim, fica por conta da forte apreciação do MXN, o ativo que mais tem sido afetado pelo cenário eleitoral dos EUA.

Mantenho uma visão de que o cenário central é de um crescimento global baixo, porém sem riscos de recessão. A inflação deve-se manter ainda contida, a despeito de um processo gradual de elevação. Neste ambiente, os bancos centrais dos países desenvolvidos irão manter uma postura ainda expansionista, a despeito de ajustes pontuais em suas medidas. Este ambiente deverá continuar a ser visto como positivo para os ativos de carry/yield, enquanto este cenário não for definitivamente testado. Existem riscos de curto-prazo (Eleições nos EUA, Brexit, Taxas Longas de Juros em DM, e etc) mas, enquanto esses riscos se mantiverem pontuais e localizados, pouco devem afetar a dinâmica (a tendência) dos ativos de risco.

Continuo otimista com o cenário para o Brasil, mas alterei as posições na parte intermediária da curva nominal de juros para a parte longa da curva de juros reais. Ainda vejo o BRL como um play de carrego, mas vejo espaço para que ele saia de um range de 3,2-3,3 para 3,0-3,2 nos próximos meses, dependendo do cenário externo. Ainda há espaço para que o Ibovespa atinja níveis mais elevados, mesmo que o valuation já não se mostre tão atrativo. Existe amplo espaço para um aumento dos fluxos para está classe de ativos.

No cenário externo, vejo poucas oportunidades claras de investimentos, ou grandes tendências. Acho válido ficar de olho no mercado de juros DM, assim como buscar hedges pontuais em alguns mercados específicos.

Brasil – Em artigo no Valor, Claudi Safatle afirma que o mercado leu de maneira errada o discurso de Ilan no FMI:

O discurso do presidente do Banco Central, Ilan Goldfajn, na sexta­feira em Washington, não pretendeu ser diferente do pronunciamento que ele fez na Comissão de Assuntos Econômicos (CAE) do Senado, no dia 4, terça feira. A leitura do mercado, no entanto, foi distinta e isso afetou as expectativas em relação à próxima reunião do Comitê de Política Monetária (Copom). Quando Ilan falou, na CAE, que não tinha compromisso com um cronograma de flexibilização da taxa de juros, o mercado passou a apostar mais em um corte de apenas 0,25 ponto percentual na Selic no dia 19, para 14% ao ano. As palavras que mais chamaram a atenção na fala do presidente do BC, em evento na Câmara de Comércio Brasil­Estados Unidos, em Washington, foram que a inflação está "na direção correta" ­ o IPCA de setembro foi de somente 0,08% ­ e que os esforços fiscais do governo "começaram bem e confortam o BC". O mercado voltou a centrar suas apostas em um corte mais acentuado dos juros, de 0,5 ponto percentual, para 13,75% ao ano. Uma fonte bastante familiarizada com a linguagem do Banco Central deu um valioso conselho: a comunicação deste Banco Central é substancialmente diferente da do BC de Alexandre Tombini. "A leitura, agora, não deve se ater a frases. Ela deve ser uma leitura mais holística". Ou seja, uma frase aqui, outra ali, não retrata o todo. Fontes do governo ressaltaram, nos últimos dias, a preocupação com a rapidez com que os mercados estão comprando a redução dos juros, montando suas posições e mexendo nos preços dos ativos.

Como comentei neste fórum no sábado pela manha: Acredito que os eventos recentes reforçam o cenário de queda de juros no Copom de outubro. Mantenho minha expectativa de queda de 50bps, com risco de o primeiro movimento ser de 25bps. Na minha visão, o BCB deverá cair os juros, mas manter um discurso de cautela, para o mercado não “embarcar” em um ciclo extremamente agressivo, ou começar a precificar quedas de 75bps ou 100bps em reuniões únicas. Assim, seu discurso deverá ser de que cada reunião é uma reunião diferente, em que qualquer decisão poderá ser tomada, como já sinalizou Ilan na CAE do Senado. O mercado já precifica cerca de 380bps de corte de juros. Nos atuais níveis, gosto das NTNBs mais longas, e de opcionalidades para a queda de 50bps no próximo Copom, cenário ainda não totalmente precificado pela curva local de juros.FMI – o Citi fez um bom resumo das reuniões do FMI, que ocorreream em Washington no final de semana:
·         We met with a large number of representatives of national authorities and international organizations and clients during the IMF-World Bank Annual Meetings in Washington, DC. In our view, the main take-aways were:
·         Growth concerns have receded. The worst may be over for EMs (and discussion over China and the risks in China were noticeably rare), but EM central banks may still be hesitant to cut rates quickly.
·         Monetary policy is increasingly out of ammunition, it is changing and it is confusing (including the BoJ and ECB). Fiscal policy is not quite ready to take over.
·         Politics is becoming increasingly important. The US election, the risk of a hard Brexit and a number of European countries (including Italy, Greece and Portugal) were among the list of prominent concerns.

China – De acordo com a Bloomberg, a China está intensificando medidas para reduzir a alavancagem de sua economia.

China released guidelines for reducing corporate debt while also saying that the government won’t bear the final responsibility for borrowing by companies, the latest sign that policy makers are stepping up their fight against excessive leverage. The State Council, China’s cabinet, issued guidelines for reducing corporate debt and for how banks may swap bad debt to equity. At the same time, officials from the central bank and other government regulators held a briefing at which they described corporate leverage as high among major global economies.

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