Brasil: Partidos discutem possibilidade de Temer cair com delação da Odebrecht (Por Monica Bergamo)

Os ativos de risco estão abrindo a quarta-feira em tom mais misto. Nos EUA, o resultado da Apple não agradou aos investidores, com a ação caindo no overnight. A queda do preço médio de venda dos iPhones, além da compressão das margens de lucro da empresa foram pontos que pensaram sobre o resultado da até outrora queridinha do mercado.

No Brasil, a Câmara aprovou em segundo turno a PEC do Teto dos Gastos, mas com votação levemente inferior aquela verificada em primeiro turno. A perda de suporte não necessariamente implica em uma mudança substancia do apoio do Congresso ao governo Temer.

Ilan – Presidente do BCB – concedeu entrevista Glbo News na noite de ontem e, basicamente, reforçou a mensagem da Ata do Copom. No cenário base, o ciclo de corte da taxa Selic continua de maneira gradual. Caso haja melhora nas perspectivas das condicionantes colocadas pelo BCB, ou seja, novas rodadas de queda nas expectativas de inflação, além de um recuo da inflação de serviços mais dependente da atividade econômica, o ciclo de corte da taxa Selic poderá se intensificar. Reforço que o mercado deverá trabalhar com uma probabilidade simétrica de corte de 25bps a 50bps na próxima reunião do Copom. Vejo um ciclo adicional de corte de juros entre 300bps e 400bps como factível.

No campo político, segundo Monica Bergamo da Folha:

Partidos discutem possibilidade de Temer cair com delação da Odebrecht
A possibilidade de o governo de Michel Temer (PMDB-SP) não conseguir atravessar a turbulência da delação premiada da empreiteira Odebrecht passou a ser considerada e discutida entre lideranças de partidos diversos como o PSDB e o PT.
HIPÓTESE
Alternativas a Temer passaram a ser aventadas e até nomes que poderiam ser eleitos pelo Congresso Nacional, num pleito indireto, em 2017, são citados.
Entre eles está o de Fernando Henrique Cardoso e até o de Nelson Jobim, ex-presidente do STF (Supremo Tribunal Federal).
TODOS OS FIOS
Jobim, que foi ministro dos governos FHC, Lula e Dilma, teria a vantagem de circular por todos os principais partidos, conseguindo um mínimo consenso em caso de crise extrema. E um problema: ele foi contratado pela Odebrecht e atuou como consultor da empresa quando ela começou a ser investigada na 
Operação Lava Jato.
FIM DE CONVERSA
Em 2017, no entanto, a Odebrecht já teria encerrado a delação, com o pagamento de pesadas multas e a punição de seus dirigentes.
NO CORAÇÃO
As dúvidas em relação à capacidade de o governo Temer aguentar o maremoto que se anuncia surgiram depois de informações de que a delação da empreiteira 
pode atingir os três principais auxiliares do presidente: Eliseu Padilha, ministro da Casa Civil, Geddel Vieira Lima, da Secretaria de Governo, e Moreira Franco, do Programa de Parcerias de Investimentos. O próprio Temer estaria citado.
NO CORAÇÃO 2
A delação, que deve ter mais de uma centena de parlamentares citados, pode incluir também o presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia (DEM-RJ), segundo pessoa próxima às negociações da empresa com o Ministério Público Federal. Ele não se manifesta.

Reforço que o principal risco para o cenário local continua a ser o avanço da Operação Lava-Jato, com novos delatores e a prisão de importantes figuras do cenário político dos últimos anos. Acredito que haja tempo e apoio para que Temer dê continuidade a seu projeto de ajuste econômico. Contudo, não podemos descartar ruídos pontuais e, até mesmo, uma deterioração do quadro de apoio do governo.

Na Austrália, o CPI ficou acima das expectativas do mercado em setembro. Mesmo que puxada por itens pontuais, localizados e sazonais, a alta da inflação reduziu as expectativas de quedas adicionais de juros no país, dando suporte ao AUD.


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