Acumulo de ruídos externos.

Os ativos de risco estão sendo vítimas de um acumulo de problemas pontuais e localizados. Como alertei esta manhã, esses vetores, individualmente, não deveriam ser capazes de alterar o cenário econômico global, mas, em conjunto, e diante do nível de preços de algumas classes de ativos, são capazes de gerar volatilidade e realizações de lucro.

Apenas para citar alguns eventos das últimas 48h:

- Depreciação de 4% no ZAR, após a intimação judicial do Ministro da Fazenda da África do Sul;
- Na volta do feriado, a China depreciou o fixing do CNY acima de 6,70;
- A GBP voltou a ficar pressionada, caindo quase 2% neste momento;
- Resultados abaixo do esperado da Alcoa, empresa que costuma dar início a temporada de resultados corporativos nos EUA;
- Pressão nas ações da Samsung, na Coréia do Sul, após a empresa “descontinuar” a produção de seu novo aparelho de celular S7.

No Brasil, a aprovação da PEC do Teto dos Gastos está ajudando o desempenho relativo dos ativos locais. Além disso, o governo está sinalizando para uma arrecadação em torno de R$50b da repatriação. Não acredito que eles estariam apenas “chutando” um valor. Creio que já existe uma estimativa muito precisa em torno do número. Se apenas parte desses recursos forem internalizados (não apenas do imposto pago, mas também do notional mantido no exterior), somado as perspectivas de M&A, IPO, emissões de bonds e a proximidade da extinção dos swaps cambiais, se desenha um cenário mais positivo para o fluxo cambial.

Mantenho minha visão central inalterada. Continuo bastante otimista com as perspectivas para o Brasil e seus ativos. Entendo, contudo, que o processo de apreciação será longo e não linear, com períodos pontuais de incerteza, especialmente externa. Me parece que estamos passando por mais um destes momentos.

Acredito que o portfólio deve manter exposições “compradas” em Brasil, com alguns hedges externos. A administração dos tamanhos e dos instrumentos irá depender do preço dos ativos e do cenário para cada uma das classes de ativos em cada momento do tempo. No curto-prazo, estou favorecendo as NTNBs mais longas, estruturas de opção de BRL (visando apreciação moderada da moeda até o final do ano) e opcionalidades visando uma queda de 50bps na próxima reunião do Copom. No âmbito externo, gosto de vendas de S&P e posições tomadas na Treasury 10yrs (todas posições que podem ser executadas na BM&F).


Acredito que, neste momento, devemos manter espaço nos portfólios para elevar as alocações em Brasil caso o mercado apresente alguma rodada de deterioração, sem que haja mudanças substanciais de cenário interno.

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