Leve Risk-Off.
A terça-feira foi de
maior volatilidade e alguma realização de lucros nos mercados financeiros
globais. Alguns vetores ajudaram os movimentos:
- Um artigo na
Bloomberg afirmando que o ECB estaria em vias finais de fechar questão em torno
de um potencial “tapering” do QE na
Europa;
- A situação do DB
ainda se mostra fragilizada, com rumores de que o banco poderia fazer uma
capitalização através da emissão de ações;
- O relacionamento
entre a Rússia e os EUA está se deteriorando devido a situação na Síria;
- A forte depreciação
do JPY levou o mercado a questionar como irá se comportar o CNY em um ambiente
de perda de competitividade frente a depreciação da moeda do Japão.
Acredito que todos esses
eventos são pontuais e localizados, porém capazes de gerar algum volatilidade e
ruído nos mercados financeiros globais.
Em relação ao ECB,
acredito que eles ainda estejam longe de alterar significativamente sua postura
agressiva no tocante a política monetária, e qualquer decisão nessa direção
será extremamente gradual. Contudo, o mercado espera hoje um aumento, ou
alongamento do QE, para depois de março de 2017. Novas medidas de expansão
monetária, tais como cortes adicionais nas taxas de juros também não são
descartadas. A simples possibilidade do ECB não adotar medidas adicionais já
seria uma surpresa negativa para os investidores.
Além disso, e
principalmente, qualquer movimentação na direção de um “tapering” poderá dar a
sensação de que o poder dos instrumentos disponíveis hoje pelos bancos centrais
está se esgotando, o que não será bem visto pelos ativos de risco. Por ora,
vejo este debate como um ruído pontual, mas com potencial de gerar
volatilidade.
O dia acabou sendo de
forte queda das commodities metálicas, alta do dólar e abertura de taxas de
juros, com movimentos de steepening
das curvas. Os movimentos de hoje, e o pano de fundo em que ocorreram, se
assemelham muito ao ocorrido no começo do mês de setembro.
Os ativos locais
seguiram o humor global a risco. A PIM apresentou queda de 3,8% MoM e -5,2% em
relação ao mesmo período do ano passado. O número confirma minha visão de que a
recuperação da economia será extremamente gradual, devido a uma série de
restrições impostas atualmente ao crescimento.
Reforço minha mensagem desta
manhã: Eu mantenho uma visão mais cautelosa para o cenário externo no
curto-prazo, vendo alguns riscos de amontoando. Contudo, o cenário local
continua bastante positivo. Por ora, o cenário de baixo crescimento global, com
flutuações em torno da tendência, com um cenário de inflação contida, e bancos
centrais ainda expansionistas, deve continuar a ser visto como positivo e
estável para os ativos de risco. Neste ambiente, os ativos brasileiros devem
continuar apresentando desempenho positivo. Caso este cenário seja testado em
alguma frente (crescimento mais baixo, inflação mais alta, bancos centrais
menos expansionistas, risco a estabilidade financeira, entre outros) deveremos
rever esta visão.
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