Eleição, Fed e Crédito na China
Os mercados financeiros globais operam sem tendência definida ou
movimentações relevantes esta manhã, após mais uma noite de relativa
tranquilidade. Acredito que o próximo grande evento ficará por conta da reunião
do FOMC na semana que vem, e os investidores irão aproveitar os próximos dias
para continuar a ajustar suas posições para o aumento da probabilidade de uma
mudança no discurso do Fed. Neste ambiente, devemos ter a continuidade de um
processo de fortalecimento do USD no mundo, sustentado por uma trajetória
gradual de abertura de taxa de juros nos EUA. Além disso, temos observado
alguma pressão sobre as commodities,
e um cenário de consolidação das bolsas globais.
Na agenda do dia destaque para a pesquisa Ibope no Brasil e para o Retail Sales nos EUA, que será o último
indicador relevante de atividade antes da decisão do FOMC na semana que vem.
Brasil – Os ativos locais tiveram uma quinta-feira
de tímida recuperação, seguindo uma pesquisa Datafolha que mostrou Marina
mantendo uma liderança de 4pp em um eventual segundo turno contra Dilma.
Acredito que a pesquisa Ibope, a ser divulgada hoje as 10h00, irá determinar a
dinâmica dos mercados no curto-prazo. No ponto de vista macro, as vendas no
varejo de julho surpreenderam negativamente, com forte queda de 1,1% no mês,
muito abaixo das expectativas de alta de 0,5%. O número é mais uma evidência de
que o crescimento do país encontra-se em situação preocupante. Os primeiros
indicadores antecedentes para PIM de agosto, contudo, indicam o segundo mês consecutivo
de leve recuperação, mas nada que compense a forte queda verificada ao longo do
primeiro semestre do ano. A Ata do Copom, por sua vez, promoveu ajustes apenas
marginais em sua comunicação, mas, no geral, colocando um tom levemente mais dovish em relação à economia do país. O
Copom promoveu um leve downgrade no
crescimento, assim como mostrou números de inflação mais positivos para 2014,
já não vendo a inflação “resistente” como até pouco tempo atrás. Com a curva de
juros ainda precificando cerca de 100bps de alta no ano que vem os juros curtos
me parecem oferecer uma nova oportunidade para posições aplicadas. Finalmente,
a campanha de Marina vem indicando que pretende encerrar o programa de swaps
cambiais, além de ver os juros em patamar elevado e suficiente para conter as
pressões inflacionárias da economia. Este tipo de declaração deveria dar mais ímpeto
ao fortalecimento do USDBRL, assim como tornar a parte curta da curva de juros
ainda mais atrativa.
EUA – As vendas no varejo de hoje devem
determinar o movimento de curtíssimo-prazo para o USD e os juros americanos. Ontem,
uma nova revisão dos números para o PIBdo país apontaram para um crescimento
superior a 4,5% anualizado no segundo trimestre do ano, e já mostrando um
crescimento próximo a 3,5% no terceiro trimestre. Os números confirmam o bom
momento da economia. A probabilidade de uma mudança no comunicado do FOMC na
semana que vem é real e crescente. Como tenho insistido, estamos em um
importante ponto de inflexão de política monetária no país, com o fim do QE
cada vez mais próximo, e o debate em torno do timing para a alta de juros se tornando mais intenso. Acredito que
seja natural esperar um maior prêmio de risco (vols mais elevadas) no mercado.
China – Os dados de crédito de agosto foram
mistos, com o New Yuan Loans subindo CNY$ 703B, dentro das expectativas do
mercado, mas como Aggregate Financing subindo CNY$ 957B abaixo das expectativas
de CNY$1.135B. O M2 também surpreendeu negativamente, saindo de 13,5% YoY para
12,8% YoY. O número mostra uma economia ainda fragilizada e a necessidade de
novas medidas de suporte ao crescimento. É provável que os dados de crescimento
de agosto surpreendam o mercado negativamente e o PBoC/Governo tenham que
adotar novas medidas de suporte ao crescimento nas próximas semanas.
Europa – As últimas pesquisas para independência
da Escócia mostraram leve avanço pelo voto contrário, reduzindo a pressão sobre
os ativos da Inglaterra. O evento deverá dominar o cenário europeu nos próximos dias.
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