Pesquisa Datafolha, Escócia e Fed

O grande destaque da noite ficou por conta do referendo para a independência da Escócia, que acabou tendo como resultado a manutenção do atual status-quo, ou seja, a Escócia deverá continuar na Grã Bretanha.

Os ativos de risco estão basicamente mantendo as tendências recentes, que foram acentuadas após a decisão do FOMC. Não vejo, por hora, motivos para mudança neste cenário, nem aceleração maior deste processo. As bolsas globais operam em alta (a China teve mais um dia de alta em seus índices, refletindo as últimas medidas de suporte ao crescimento colocado em prática no país), o USD se fortalece, especialmente contra as moedas de G10, suportado por uma gradual abertura de taxa de juros nos EUA, que também vem colocando alguma pressão sobre as commodities.

Na agenda do dia, destaque para o IPCA-15 no Brasil. A agenda externa será mais esvaziada durante os próximos dias, deixando o mercado a mercê dos ajustes de posição ao novo ambiente global.

Brasil – A pesquisa Datafolha basicamente confirmou o resultado do Ibope divulgado essa semana. Marina perdeu algum espaço nas intenções de voto no primeiro turno, com Aécio mostrando algum sinal de recuperação. Em um eventual segundo turno, permanece um empate técnico entre Marina e Dilma, com Marina ainda liderando com cerca de 2pp de vantagem. Acredito que este cenário já estava sendo precificado pelo mercado. Assim, o ambiente externo poderá ditar a dinâmica dos ativos locais, até que um “fato novo” venha a ocorrer nas eleições.

EUA – A leitura do FOMC foi de um Fed ainda paciente, mas claramente disposto a dar continuidade a seu processo de normalização monetária. Com os números econômicos ainda mostrando uma recuperação sólida e saudável – ontem o Jobless Claims caiu para 280 mil, um dos menores patamares desde 2007 – o mercado começa a se ajustar de maneira mais contundente a este ambiente, após um período longo de leniência em torno deste tema.

Continuo vendo um cenário de fortalecimento do USD, sustentado por uma gradual abertura de taxas de juros nos EUA. Não vejo este cenário como sendo de ruptura para as bolsas globais, dado que deverá ser um movimento gradual. Em relação aos mercados emergentes, podem acabar tendo um período mais desafiador de ajuste, mas deveriam encontrar um ponto de equilíbrio onde o risco/retorno dos investimentos nesta classe de ativos se mostrará atrativo novamente.

Europa – O referendo na Escócia manteve o país integrado a Inglaterra, retirando um risco de cauda do cenário de curto-prazo. Assim, podemos esperar que os ativos locais voltem a olhar para os fundamentos, com a Inglaterra voltando a falar em alta de juros no começo de 2015, e a Área do Euro ainda combatendo um cenário de crescimento pífio e riscos deflacionários.

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