Reprecificação
Os ativos de risco continuam digerindo os sinais emitidos pelo Fed nos
últimos dias, ou seja, se posicionando para uma potencial alteração no
comunicado após a decisão do FOMC na semana que vem. Assim, estamos vendo um
claro movimento de fortalecimento do USD no mundo, acompanhando de uma abertura
de taxa de juros nos EUA e uma nova rodada de pressão sobre as commodities.
A agenda do dia ainda será esvaziada, mas não menos importante, com
destaque para o JOLTS Job Openings, um dos indicadores que vem sendo
acompanhado pelo Fed no detalhe para medir o real estado do mercado de trabalho
americano.
Brasil – As eleições continuarão ditando a
dinâmica de curto-prazo nos ativos locais, mas o cenário externo vem colocando
uma pitada de complexidade no cenário. A semana será recheada de pesquisas
eleitorais.Ontem, o mercado teve um dia de forte realização de lucros,
refletindo um ambiente externo mais desafiador para os ativos emergentes e
reagindo a maior incerteza trazida pelas nova acusações em torno da Petrobras.
O mercado, agora, aguarda ansiosamente as novas pesquisas Datafolha e Ibope.
EUA – Estou começando a acreditar que o Fed tenha ficado
desconfortável com a precificação do mercado nos últimos meses, e está no meio
de um processo intencional de promover uma reprecificação da aparente leniência
dos investidores com sua atual política monetária. Papers divulgados
na semana passada, comentários maciços de membros do Fed na mídia
desconfortáveis com o atual comunicado do FOMC, artigos de Jon Hilsenrath e
Robin Harding no final de semana e, agora, um novo paper do
Fed de SF mostrando o que todos já sabem, ou seja, a precificação da curva
curta de juros nos EUA está em total dissonância com as expectativas do próprio
do Fed. Não é a toa que estamos passando por um movimento de USD forte, que
começou em G10, mas agora se espalha para EM e high yields. O
movimento nas moedas, agora, começa a afetar o humor para as bolsas globais e
ativos de renda fixa EM. Me impressiona o movimento ocorrer com a Tsy 10yrs
ainda em 2.47%. Como estaremos quando a Tsy 10yrs voltar a 2.80%-3.00%?
Neste
ambiente, além de posições Long USD, posições Long Vol, como hedge, podem fazer
sentido. As vols de grande parte dos ativos de risco ainda está em patamares
historicamente baixos. A curva de juros americana pode acabar sendo a segunda
derivada deste movimento, o que ainda não ocorreu. É natural esperarmos um
aumento da vol dos mercado com o encerramento do QE nos EUA em outubro e o
aumento da probabilidade de alta de juros no primeiro semestre de 2015. A
atuação do BCE, BoJ e PBoC pode mitigar este efeito, mas não parece suficiente
para reprimir as vols da forma como o Fed conseguiu nos últimos 6 anos.
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