Fed

Estou começando a acreditar que o Fed tenha ficado desconfortável com a precificação do mercado nos últimos meses, e está no meio de um processo intencional de promover uma reprecificação da aparente leniência do mercado com sua atual política monetária. Papers divulgados na semana passada (vide mais comentários abaixo), comentários maciços de membros do Fed na mídia desconfortáveis com o atual comunicado do FOMC, artigos de Jon Hilsenrath e Robin Harding no final de semana e, agora, um novo paper do Fed de SF mostrando o que todos já sabem, ou seja, a precificação da curva curta de juros nos EUA está em total dissonância com as expectativas do próprio do Fed.

Não é a toa que estamos passando por um movimento de USD forte, que começou em G10, mas agora se espalha para EM e high yields. O movimento nas moedas, agora, começa a afetar o humor para as bolsas globais e ativos de renda fixa EM. Me impressiona o movimento ocorrer com a Tsy 10yrs ainda em 2.47%. Como estaremos quando a Tsy 10yrs voltar a 2.80%-3.00%?

Neste ambiente, além de posições Long USD, posições Long Vol, como hedge, podem fazer sentido. As vols de grande parte dos ativos de risco ainda está em patamares historicamente baixos. A curva de juros americana pode acabar sendo a segunda derivada deste movimento, o que ainda não ocorreu. É natural esperarmos um aumento da vol dos mercado com o encerramento do QE nos EUA em outubro e o aumento da probabilidade de alta de juros no primeiro semestre de 2015. A atuação do BCE, BoJ e PBoC pode mitigar este efeito, mas não parece suficiente para reprimir as vols da forma como o Fed conseguiu nos últimos 6 anos.

O cenário externo está afetando a dinâmica do mercado local de juros e câmbio. O mercado está precificando o aumento da probabilidade de uma mudança no discurso do FOMC na reunião de semana que vem, o que está dando suporte ao USD no mundo e começando a dar suporte aos yields americanos.


Foram divulgados na semana passada alguns papers por importantes economistas do próprio Fed, em sua maioria, apontando para o menor slack no mercado de trabalho. Segundo os estudos, o potencial de crescimento da economia americana seria menor hoje do que no passado, e a baixa participation rate que vigora nos últimos anos seria estrutural, e não cíclica. Estes estudos podem acabar embasando as decisões do comitê nos próximos meses e, até mesmo, alterar o viés de Yellen. Em sua coletiva de imprensa após a decisão do FOMC daqui a 10 dias, já podemos observar um discurso mais neutro, na linha do que vimos em Jackson Hole.

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