Eleição

Após uma noite relativamente tranquila, com mais um dia de alta dos índices na China, os ativos de risco operam sem grandes movimentações essa manhã. As commodities metálicas, contudo, ainda dão sinais de fraqueza, assim como as bolsas da Europa. Parece que estamos passando por um dos recorrentes momentos de breve realização de lucros de algumas classes de ativos. Por hora, não vejo argumentos para que este período se torne mais duradouro, ou a correção mais acentuada.

O cenário de menor crescimento estrutural da China, com o processo de normalização monetária nos EUA se consolidando neste mesmo período deveria, por outro lado, fazer com que os mercados globais operem com prêmios de risco um pouco mais elevados do que no passado recente. Neste ambiente, algumas classes de ativos precisam encontrar um novo patamar de equilíbrio, talvez mais baixo do que os atuais, assim como a volatilidade dos ativos de risco precisa ser mais alta do que aquela verificada no passado recente. Parece que estamos no meio deste processo. Continuo não vendo, pelo menos ainda, um cenário de ruptura, mas um processo gradual de busca por novos equilíbrios.

Na agenda do dia, teremos Confiança do Consumidor da FGV e Contas Externas no Brasil, com New Home Sales sendo o destaque no EUA.

Brasil – A pesquisa Ibope confirmou o que as demais pesquisas já vinham apontando, ou seja, um avanço nas intenções de voto em Dilma, tanto no primeiro, como no segundo turno, com um recuo progressivo de Marina. Ambas continuam em empate técnico em um eventual segundo turno, mas com claro viés mais positivo para Dilma no que diz respeito a tendência das pesquisas. Um pesquisa Vox Populi, feita no mesmo período do Ibope (até alguns dias antes), mostrou um cenário estranhamente ainda mais positivo para Dilma, que já teria aberto 7pp de vantagem em um eventual segundo turno contra Marina, com a possibilidade de vitória no primeiro turno surgindo novamente no cenário. Eu tenderia a olhar a pesquisa Vox Populi com desconfiança, mas a soma das pesquisas é claramente positiva para Dilma. Os ativos locais devem continuar operando sobre pressão, com o aumento da probabilidade de vitória de Dilma, que hoje já deve ser superior a 50%, se considerarmos os últimos números divulgados.

Europa – O IFO na Alemanha caiu de 106,3 para 104,7 pontos, abaixo das expectativas de 105,8 pontos. Tanto o indicador de situação corrente, quanto o indicador de expectativas futuras, apresentaram queda. O número confirma um cenário extremamente desafiador para o crescimento da região. Até mesmo a Alemanha, que vinha sendo o principal pilar de sustentação da região, mostra sinais cada vez mais claros de fadiga. Este pano de fundo deve manter uma elevada pressão sobre o BCE para novas medidas de suporte a economia.

China – Não há nada de fundamentalmente novo no cenário chinês. O Flash PMI divulgado ontem afastou o risco de curto-prazo de uma nova rodada de fraqueza da economia, mas o crescimento permanece perigosamente baixo, e sem sinais consistentes de recuperação. Não vejo motivos para rupturas vindas do país, mas o mercado precisa continuar se ajustando para um ambiente de menor crescimento estrutural da economia chinesa, Não é a toa que as commodities continuam sobre pressão, assim como todos os ativos que dependem da demanda chinesa. Novas medidas, pontuais e localizadas, devem continuar sendo colocadas em prática, o que deveria estabilizar o humor em relação ao país em algum momento.

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