Semana menos agitada

O final de semana transcorreu sem granes novidades. No Brasil, a mídia mirou seu foco em novas acusações referentes a operação “Laja-Jato” e ao erro do IBGE na PNAD. No âmbito externo, o destaque ficou por conta da reunião do G20, sem qualquer decisão concreta que possa impactar o mercado no curto-prazo.

A agenda da semana será mais esvaziada do que as últimas semanas. O destaque ficará por conta de uma série de membros do Fed dando declarações à mídia e para as prévias dos PMI´s ao redor do mundo. No Brasil, teremos mais uma rodada de pesquisas eleitorais.

Brasil – A mídia voltou suas atenções para os erros do IBGE na divulgação da PNAD, o que não acredito que tenha potencial de afetar o cenário eleitoral. Contudo, novos vazamentos em torno da operação “Lava-Jato”, que tem a Petrobras como centro das atenções, trouxeram novamente às manchetes dos jornais nomes de políticos, partidos e empresas envolvidas no escândalo, além dos valores supostamente negociados. A “nova” narrativa aponta para “caixa dois” de campanha, além de montantes vultosos, muito superiores aqueles encobertos por escândalos do passado, como o “Mensalão”. Este tipo de postura por parte da mídia pode acabar se desenvolvendo em um novo problema de imagem para o PT e seus aliados, que deverá ser explorado pela oposição nos próximos dias. Será fundamental observamos como este assunto será tratado, e o real potencial de afetar a campanha do PT e de sua base aliada. Continuo vendo o cenário até o primeiro turno relativamente estável, com empate técnico entre Marina e Dilma em um eventual segundo turno. As pesquisas desta semana devem apontar 2pp para um lado ou para outro, mas a situação de empate técnico parece relativamente estável. Findo o primeiro turno, as eleições serão retomadas em outro patamar de embate, com Marina obtendo o mesmo tempo de propaganda eleitoral gratuita que Dilma, e com alianças podendo fortalecer sua campanha. Por estes, entre outros argumentos, ainda vejo Marina como favorita a presidência.

EUA – O mercado continua digerindo a decisão do FOMC na quarta-feira. Continuo vendo um cenário de gradualismo por parte do Fed na condução de sua política de normalização monetária, não vendo motivos para eventos de ruptura do mercado devido a este vetor. Acredito que o movimento de fortalecimento do USD faz sentido, assim como um processo gradual de abertura de taxas de juros no país. Na ausência de surpresas altistas de inflação, não vejo este cenário como sendo negativo para as bolsas globais, ou para os ativos de risco como um todo. Entendo que os ativos de carry-trade e EM precisam passar por um processo de ajuste de preço e posições, mas deveriam encontrar um novo patamar de equilíbrio, onde o risco/retorno voltará a torna-los atrativos.

Europa – Sem sinais consistentes de recuperação econômica, com a primeira LTRO surpreendendo negativamente, e a promessa do BCE em levar seu balanço a níveis de 2012, ou seja, eleva-lo em cerca de EUR$1 trilhão, já se especula a necessidade do anuncio de um QE soberano nos próximos meses. Como Draghi deixou evidente suas intenções, e sua disposição em evitar uma espiral ainda mais negativa na região, fica claro que existe hoje uma espécie de “Draghi Put” na Europa, nos mesmos moldes da “Greenspan Put” e da “Bernanke Put” que dominou o mercado nos últimos anos. Esta postura deveria dar suporte as bolsas e aos bonds da região, mantendo o EUR sobre pressão.

China – O país passa por um dos momentos mais delicados de sua história recente. Com um crescimento de curto-prazo mais baixo do que aquele verificado no passado, e sem sinais de reação concreta às medidas colocadas em pratica pelo governo nos últimos meses, o mercado começa a questionar o real estado da economia do país. Acredito que novas medidas, pontuais e localizadas, serão divulgadas nas próximas semanas, mas não existe a intenções de promover uma aceleração rápida e acentuada do crescimento do país, apenas evitar uma nova rodada de fraqueza da economia. Assim, o mercado ainda precisará se acostumar com um menor crescimento estrutural do país, sem que este ambiente seja seguido de medidas agressivas para alterar este panorama.

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