"Tempestade Perfeita"

Hoje definitivamente foi o dia em que a “tempestade perfeita” afetou os ativos locais.

No âmbito externo, nos EUA, os bons números de vendas no varejo de julho, o forte Michigan Confidence de setembro, e uma onda de analistas revisando as expectativas para o FOMC na semana que vem, colocaram um bid no USD, especialmente contra EM e high yields, sustentados por mais um dia de abertura de taxas de juros nos EUA. Neste caso, níveis técnicos importantes foram rompidos, como o 2.60% da Treasury 10yrs e o 1.80% da Treasury 5yrs.

No cenário local, a pesquisa Ibope mostrou novo avanço de Dilma, além de mais uma rodada de melhora na avaliação de seu governo. Vimos também um mercado tecnicamente mal alocado, com os investidores já bastante overweight em Brasil.

O que esperar daqui para frente? Tenho o viés de acreditar que a correção desta semana atingiu níveis atrativos para os ativos locais novamente, especialmente no mercado de juros e na bolsa. A parte curta da curva de juros já precifica mais de 150bps de alta nos próximos 12 meses, cenário que me parece difícil de ser atingido, independente de quem seja o próximo presidente do país. Na bolsa, a correção foi rápida e acentuada, o que já cria valor em diversos setores. O cenário para câmbio e para a parte longa da curva de juros local é menos trivial, já que o cenário externo tornou-se mais desafiador para os ativos emergentes em geral.

Em relação as eleições, acredito que, até o primeiro turno, devemos ter um cenário de relativo empate técnico entre Marina e Dilma nas simulações de segundo turno. Começado o segundo turno, com o tempo de propaganda eleitoral sendo igualado, e novas alianças políticas sendo formadas, Marina pode voltar a ganhar terreno. Além disso, ainda não se sabe ao certo o quanto os escândalos na Petrobrás irão afetar ambas as candidatas.

No cenário externo, não há dúvidas de que o principal evento da próxima semana será a decisão do FOMC. Acredito que Yellen fez um excelente trabalho, via seus Governors, e através da mídia, preparando o mercado para uma mudança no comunicado que será divulgado após a reunião. Na minha visão, a probabilidade de uma mudança no comunicado do FOMC na semana que vem é real e crescente. Como tenho insistido, estamos em um importante ponto de inflexão de política monetária no país, com o fim do QE cada vez mais próximo, e o debate em torno do timing para a alta de juros se tornando mais intenso. Acredito que seja natural esperar um maior prêmio de risco (vols mais elevadas) no mercado. Contudo, parte disso já parece ter sido precificado pelo mercado está semana. Finalmente, qualquer movimento mais brusco do mercado será contido por Yellen em sua press conference após a reunião.


Em suma, acredito que a parte curta da curva de juros local, e a bolsa, já oferecem prêmios razoáveis para se ter posições. Como é sempre difícil saber até onde a correção irá, sugiro montar a posição em fases. Uma outra maneira seria trabalhar com hedges. Vejo posições Long USD, posições tomadas em taxa de juros nos EUA, e posições Long Vol, como hedges razoáveis neste cenário.

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