Update
A sexta-feira, véspera de feriado nos EUA e na Inglaterra, foi
marcada por ume entrevista de Yellen em um evento em Harvard. Moderado pelo
economista Gregory Mankiw, Yellen teve a oportunidade de proferir algumas
palavras de como analisa o estado da economia americana. Por um lado, Yellen
não foi tão direta e incisiva como os demais membros do Fed nos últimos dias,
em relação a possibilidade de alta de juros no curto-prazo (junho ou julho).
Por outro lado, deus sinais contundentes de que o cenário, caso mantido, enseje
uma alta de juros mais cedo do que tarde.
Os ativos de risco reagiram de acordo, com forte alta nas taxas
de juros curtas nos EUA (entre 5 e 10bps), alta do dólar e pressão nos ativos
emergentes. O mercado embute probabilidade de alta de 25bps em junho em 35%, em
junho em 60% e até dezembro em cerca de 80%. É natural supor que, caso o
cenário de alta de juros se consolide, continuaremos a ver uma pressão altista
no dólar e nas taxas de juros, e baixista nos ativos emergentes, até que a alta
de juros seja totalmente precificada, ou o cenário mostre alteração relevante.
Vale ressaltar, contudo, que ainda existe o risco de o Fed optar por 2 altas de
juros este ano, o que poderia estender por mais tempo a dinâmica descrita
acima.
A revisão do PIB do 1Q trouxe poucas novidades, exceto pela
consolidação de um cenário bastante negativo para os lucros das empresas. Segundo
o JP Morgan: The profits data within the
GDP report were also disappointing. Adjusted profits increased only 0.3% saqr
in 1Q after dropping 7.8% saar in 4Q15. A spike in transfer payments (related
to the BP oil spill settlement) depressed profits in 4Q and then boosted them
in 1Q, so the quarterly figures are choppy and do not completely reflect actual
changes in economic activity from quarter to quarter. But the trend in profits
has clearly been weak lately aside from the changes in transfer
payments—profits fell 14% saar over the past two quarters and were down 6%oya.
This weakness in profits is likely contributing to the recent pullback in
business spending and hiring growth.
Os ativos no Brasil seguiram o humor global a risco, com o
agravante de uma posição técnica ruim nos mercados de juros e câmbio, além de
todos os ruídos políticos que estão rondando este início de governo Temer. Como
tenho insistido neste fórum, continuo sem visão no tocante ao Ibovespa e ao
BRL.
Após um período de baixa alocação a risco, devido ao quadro
técnico e aos riscos externos, já vejo prêmios que justificam uma alocação
moderada na parte intermediária das curvas nominais e reais de juros locais. A
dinâmica do mercado ainda é ruim, os ruídos políticos são elevados, mas ainda
vejo um cenário macro (hiato do produto elevado, recessão, desemprego
crescendo, sinais de moderação na inflação de serviços e etc) que justificam
uma alocação moderada.
Vale ressaltar que o Tesouro divulgou hoje cedo os dados da
dívida pública federal. Após alguns meses de redução da participação
estrangeiro, vimos o primeiro mês de elevação da parcela dos estrangeiros na
dívida pública local, e isso antes mesmo do processo de impeachment ter
avançado ao estágio que chegou hoje. O fluxo cambial deste mês ainda está
bastante negativo, o que espelha o ceticismo dos investidores em relação ao
processo de ajuste no Brasil. Contudo, caso o atual governo consiga entregar
pelo menos parte do que está prometendo, este ceticismo poderá ser revisto.
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