Brasil: Ruído político ainda elevado.

A segunda-feira será de feriado nos EUA e na Inglaterra, o que deverá manter os ativos de risco com baixa liquidez. O fluxo de notícias do cenário externo, neste ambiente, acabou sendo esvaziado neste final de semana. A mídia apenas repercutiu a mensagem de Yellen na sexta-feira, sinalizando para uma alta de juros nos EUA mais cedo do que tarde, além da conclusão da reunião do G7, que não trouxe nenhuma nova medida, ou sinalização diferente naquela que já era esperada pelo mercado. Vale lembrar que o Japão trabalhou para a divulgação de um comunicado mais cauteloso e sombrio em relação ao cenário de crescimento global, mas acabou sendo vencido pela decisão dos EUA e da Alemanha da manutenção dos principais pontos que já vinham sendo mencionados nas reuniões anteriores.

No Brasil, a mídia continua focada nas gravações que vem sendo divulgadas da possível delação premiada de Sergio Machado, ex-presidente da Transpetro, e político muito próximo a uma das alas do PMDB, especialmente aquele lidera por Renan Calheiros, atual presidente do Senado.

O destaque do final de semana ficou por conta de uma menção que Machado teria feito em relação a uma ajuda que teria dado a um aliado de Temer nas eleições para prefeito de São Paulo. De acordo com a mídia, o candidato seria Gabriel Chalita. Tanto Temer, quanto Chalita negam a existência desta ajuda. A gravação traz pouca coisa concreta em relação ao envolvimento de Temer ou qualquer outro político. Contudo, em meio a um cenário político ainda conturbado, reforça a visão de que no meio político “todos podem ter o telhado de vidro”.

Como os ativos locais já estavam mostrando fragilidade nos últimos dias, não podemos descartar novas rodadas de pressão no curto-prazo. Eu ainda não vejo estas gravações como indício final de que o governo Temer esteja fadado ao fracasso. Continuo otimista com o time montado por Temer, especialmente no campo econômico. Contudo, temos que nos manter atento a um eventual enfraquecimento definitivo do governo, o que inviabilizaria a adoção de importantes reformas no país.

Ademais, existem rumores de que novas delações premiadas confirmam o envolvimento de Dilma e Lula no centro do Petrolão, assim como a tentativa de obstrução de justiça no tocante a Operação Java-Jato. Por hora, são apenas suposições ventiladas pela mídia, mas caso comprovado, reforçam a tese de que dificilmente o governo Dilma conseguirá se reerguer neste processo de impeachment.

Após um período de baixa alocação a risco, devido ao quadro técnico e aos riscos externos, já vejo prêmios que justificam uma alocação moderada na parte intermediária das curvas nominais e reais de juros locais. A dinâmica do mercado ainda é ruim, os ruídos políticos são elevados, mas ainda vejo um cenário macro (hiato do produto elevado, recessão, desemprego crescendo, sinais de moderação na inflação de serviços e etc) que justificam uma alocação moderada no mercado de juros. Sigo sem uma visão clara para o Ibovespa e  o BRL.

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